O final do ano se aproxima, trazendo consigo aquele misto de balanços e resoluções. Entre compromissos e festas, fica a pergunta: como terminar o ano de uma forma que realmente seja marcante? A resposta pode estar no teatro, esse espaço singular onde a arte se mistura à vida e nos transforma em cada cena, palavra e silêncio.
Quando foi a última vez que você esteve em uma sala de teatro? Você se lembra da expectativa que antecede o terceiro sinal? Aquele som característico, ecoando nas paredes, sinalizando que algo extraordinário está prestes a acontecer. O teatro, ao contrário de tantas experiências instantâneas do cotidiano, exige nossa presença. Ele nos convida a estar inteiros, a pausar o mundo lá fora e mergulhar naquilo que está sendo construído ao vivo, diante de nossos olhos.
Ir ao teatro não é apenas um programa cultural; é um encontro com histórias, com o outro e consigo mesmo. Em um mundo cada vez mais dominado pela tecnologia e pela pressa, o teatro nos oferece um espaço de reflexão e conexão. Ali, no palco, as emoções se desnudam, os dilemas humanos ganham corpo e voz, e nós, espectadores, somos convidados a revisitar nossas próprias experiências.
Para mim, o teatro sempre foi mais do que entretenimento. Foi nele que encontrei a forma mais autêntica de tentar entender a vida. Aprendi a olhar para o outro com mais atenção, seja o personagem em cena, o parceiro de palco ou o público – que, como a vida, nunca é o mesmo. Por meio das histórias que vivemos ou assistimos no teatro, visitamos mundos imaginários, experimentamos outras perspectivas e adquirimos conhecimentos que nos tornam mais ricos como indivíduos.
Uma das lições mais preciosas que o teatro me ensinou foi o improviso. Em uma arte tão marcada pela disciplina, pelos ensaios e pela repetição, é incrível como o inesperado pode surgir a qualquer momento. Um objeto fora do lugar, uma fala esquecida ou uma reação inusitada da plateia – tudo isso exige do ator flexibilidade e presença. O teatro nos lembra que, assim como no palco, a vida é feita de imprevistos. Controlamos tanto o dia a dia que muitas vezes esquecemos como é estar abertos ao inesperado, ao novo.
E é por isso que acredito que o teatro mimetiza a vida. Ele nos ensina a sermos humanos em toda nossa complexidade: vulneráveis, empáticos e dispostos a improvisar. Sempre me recordo das palavras do saudoso Abujamra, que, em suas entrevistas, perguntava insistentemente: “O que é a vida?”. Para mim, a vida é o teatro. E é no teatro que encontramos a resposta para essa pergunta – ou, pelo menos, a coragem de continuar buscando por ela.
Agora, pense: por que não encerrar o ano vivenciando isso? Ainda dá tempo. Há espetáculos incríveis em cartaz, histórias que aguardam para serem contadas e sentidos que só a experiência ao vivo pode despertar. Ao entrar na sala de teatro, você não é apenas um espectador; você se torna parte do ato teatral.
Permita-se ir ao teatro. Deixe que a arte te surpreenda, te desafie e te transforme. No palco, a vida acontece com uma intensidade que às vezes esquecemos de buscar no dia a dia. Então, antes que o ano termine, escolha o teatro! Escolha se desconectar por algumas horas para se conectar profundamente consigo mesmo e com a essência da existência.
Porque, no fim das contas, o teatro não é apenas um reflexo da vida. Ele é a própria vida, em toda a sua beleza, caos e imprevisibilidade.
Confira 3 espetáculos ainda em cartaz, em São Paulo e Rio de Janeiro:
SÃO PAULO:
Raiva – Nós temos um cão que morde
RIO DE JANEIRO: