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Dica cultural: conheça a trajetória dos grandes artistas

Coluna Por Natália Beukers

Durante a semana fiquei na dúvida sobre qual assunto abordar na coluna desta sexta-feira. A grande dificuldade é que o texto só começa a fluir quando, de fato, escrevo sobre o que está em meus pensamentos naqueles dias ou no momento. Mas, nem sempre – como é natural – o que penso é novidade ou de interesse geral, e isso me deixa aflita: não posso ser repetitiva, ao mesmo tempo em que mantenho, comigo mesma, o compromisso de sempre ser franca ao escrever, falar o que realmente tenho vontade de compartilhar com os leitores. Suponho que é assim que vamos nos aproximar.

Digo isso porque, nos últimos dias as minhas reflexões giraram em torno do ofício de atuar. Isto é, como fazer do teatro e da arte de representar uma profissão. E, para quem não leu minhas colunas anteriores, tratei desse assunto, ainda que lateralmente.

Entretanto, o que preciso confessar desta vez, e que ainda não havia dito por aqui, é que mesmo sabendo das coisas maravilhosas que o teatro como ofício pode proporcionar, escolher seguir essa profissão implica em angústias: “isso vai dar certo?”; “é possível viver de teatro no Brasil?”

Por conta desses questionamentos, que certamente encontram eco nas inseguranças de todo iniciante nessa arte milenar, há pouco mais de um ano, tive a ideia de registrar a trajetória de artistas, todos eles com fortes relações como o nosso teatro, por meio de lives (em meu perfil do Instagram @infoteatro_), para que, assim, pudéssemos entender como foi para cada um deles escolher essa profissão e, talvez, encorajar quem queira segui-la.

Afinal, como escreveu Plínio Marcos (1935-1999) – importantíssimo dramaturgo brasileiro – em texto para comemorar o Dia do Ator: “O ator tem que saber que, para ser um ator de verdade, vai ter que fazer mil e uma renúncias, mil e um sacrifícios. É preciso que o ator tenha muita coragem (…)”.

Conversei com mais de 40 artistas até agora e, depois de pouco mais de um ano de conversas, todas elas estimulantes, cada uma à sua maneira, uma conclusão parece-me unânime: a profissão do ator é difícil, mas muito gratificante, e essas angústias fazem parte da trajetória de muitos deles.

‘Eva Wilma: Arte e Vida’ (Foto: Divulgação)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Como disse o admirável ator e diretor Elias Andreato: “Eu me lembro todos os dias desse estado melancólico, que acomete a gente nessa idade. (…) Isso é só a gente que vive; quem está de fora não consegue entender. Internamente é esse desejo de existir nesse universo… A cabeça fica latejando com tantos pensamentos e sonhos…”

Conhecer a vida de outros artistas tem sido algo fundamental para mim que sou jovem e pretendo seguir na profissão. E estou certa de que a transmissão dessas experiências e ensinamentos vem sendo útil também para outros artistas novatos ou para quem ainda cogita se lançar nesse desafio.

‘Elias Andreato: A Máscara do Improvável’ (Foto: Reprodução)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A partir de grandes nomes da arte do teatro, da propagação de suas vivências e angústias que agora sei serem próprias da atividade, é possível enxergar que, mesmo com dificuldades, é possível. O teatro, as artes cênicas, podem, sim, ser um meio de vida, apesar de todos os percalços, mesmo em um país que não cultiva a cultura como algo essencial.

Maria Ruth (Foto: Divulgação)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Além disso, paralelamente à realização das lives, tenho me dedicado também à leitura da biografia de grandes artistas, o que sempre tranquiliza minha alma e faz ver que nenhuma trajetória vitoriosa é um caminho só de glórias. Neste sentido, posso recomendar, sem receio:
Cartas a Uma Jovem Atriz (Marília Pêra, Campus), Fernanda Montenegro: Prólogo, ato, epílogo (Fernanda Montenegro, Companhia das Letras), Maria Ruth (Ruth Escobar, Editora Guanabara); Elis Regina: Nada Será como Antes (Julio Maria, Editora Master Books); Elias Andreato: A Máscara do Improvável (Dirceu Alves Jr., Humana Letra); Uma Atriz: Cacilda Becker (Nanci Fernandes e Maria Thereza Vargas, Editora Perspectiva); Eva Wilma: Arte e Vida (Edla Van Steen, Imprensa Oficial).

‘Nada Será Como Antes’ (Foto: Divulgação)

 

‘Fernanda Montenegro: Prólogo, ato, epílogo’ (Foto: Divulgação)

 

 

‘Cartas a Uma Jovem Atriz’ (Foto: Reprodução)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mais recentemente veio a público a biografia de Sérgio Mamberti (Sérgio Mamberti: Senhor do Meu Tempo, Edições Sesc São Paulo), que tem como coautor o jornalista Dirceu Alves Jr. – essa ainda não li, mas já está no topo da minha lista!

‘Sérgio Mamberti: Senhor do Meu Tempo’ (Foto: Divulgação)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por fim, outro título que vale muito a pena e que tem tudo a ver com a nossa prosa é A Glória e seu Cortejo de Horrores (Companhia das Letras), livro de autoria da atriz e escritora Fernanda Torres. O romance conta a estória de um ator dos anos 60, e os inúmeros caminhos que percorreu durante sua acidentada carreira artística. A leitura é divertidíssima e oferece uma gama de lições para quem queira se aventurar nesse ramo.

‘A Glória e seu Cortejo de Horrores’ (Foto: Reprodução)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mas por que interessa recomendar aqui esse meio de conhecer a trajetória de grandes artistas, se nem todo leitor e leitora – imagino eu – pretende seguir a profissão de ator, atriz ou outras tantas atividades afins? Porque posso afirmar que será excelente maneira de conhecer a história do teatro nacional, enriquecer-se culturalmente, abrir-se para um mundo conhecido e frequentado por poucos, além, é claro, de proporcionar diversão garantida com boa leitura.

 

Este texto foi, originalmente, publicado no site da revista Vogue Brasil, dentro do segmento ‘Gente’. Para acessar a publicação original, clique aqui.

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Sobre
Natália Beukers

Natália Beukers

Atriz e criadora do Portal Infoteatro, formou-se em Direito pela PUC-SP (2020). Começou a estudar teatro aos 10 anos, formando-se como atriz em 2017. Entre 2017 e 2021, estudou com os atores do Grupo TAPA, participando de três espetáculos: “Anatol”, “O Jardim das Cerejeiras” e “Um Chá das Cinco”, além de ter sido assistente de produção em mais de 10 temporadas da companhia. Professora de teatro desde 2022, atualmente cursa licenciatura no Célia Helena Centro de Artes e Educação. Embaixadora do Teatro B32, também já colaborou com a Folha de S. Paulo e com o segmento 'Vogue Gente', da Vogue Brasil, entre 2021 a 2023, onde publicou mais de 50 textos sobre teatro. Desde a criação do Infoteatro, em abril de 2020, entrevistou mais de 100 profissionais da área teatral.

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