Comédia “Vida Útil” faz um retrato do ambiente tóxico e caótico da vida do trabalhador brasileiro, em nova temporada no Teatro da UFF, em Niterói
Sucesso de público e crítica, “Vida Útil” chega em curta temporada ao Teatro da UFF, no Centro de Artes UFF, com humor ácido, descortinando os embates no ambiente de trabalho em um expediente prestes a encontrar seu fim
Sextou? Ainda não! Meia hora antes do final do expediente de uma sexta à noite, os funcionários de um escritório anseiam pelo término da jornada semanal, quando surge uma tarefa esquecida que os obriga a ficar além do horário. Isso acentua as tensões entre os personagens, encenados por Julia Couto, Lay Ribeiro, Lucas Miranda e Luciano Pontes, expondo-os a situações de desvalorização, assédio e abuso de poder. Em meio aos questionamentos sobre as relações no trabalho e os sonhos adiados de felicidade, os “colaboradores” descobrem que foram esquecidos e que estão trancados no edifício. E aí se dão conta de que tudo pode acontecer.
Sucesso já visto por mais de 1 mil pessoas, a peça tem direção de Marcelo Morato e texto inédito de Rafael Martins, que apresenta com humor ácido as interações entre colegas de trabalho em um ambiente tóxico e caótico.
– A noção de “vida útil” é submetida a uma lógica de produtividade que ignora as vontades, os sonhos e a libido de homens e mulheres civilizados. Dirigir esse espetáculo me levou a reviver momentos angustiantes passados dentro de ambientes corporativos e a pensar em diversos amigos e familiares que ainda vivem essa realidade opressiva diariamente. Desde a pandemia, o mundo tem repensado suas formas de trabalho. Precisamos remodelar nossas rotinas no trabalho, para que a vida seja mais prazerosa, sem deixar de ser produtiva – conta o diretor Marcelo Morato.
Da vida ao palco
O idealizador do projeto é o ator paraense Luciano Pontes. Radicado no Ceará por décadas, mudou-se de Fortaleza para o Rio de Janeiro para estudar artes cênicas ao se ver infeliz após uma longa trajetória exercendo outra profissão. De uma só vez, trocou de cidade e de carreira aos 34 anos. Ao ter acesso ao texto do amigo, o cearense Rafael Martins, a identificação foi imediata.
– A escolha pelo texto surgiu da vontade de trazer um autor ligado à minha origem para um palco do eixo Rio-SP juntamente com uma experiência pessoal de transição de carreira. Durante 12 anos, exerci uma profissão que não me trazia felicidade nem motivação para acordar todos os dias. Assim, decidi iniciar uma nova carreira, desta vez como ator.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontam que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente devido à falta de saúde mental do trabalhador, acarretando uma perda de aproximadamente um trilhão de dólares para a economia global. Transtornos ligados à depressão e ansiedade estão entre as maiores causas entre os pedidos de afastamento de profissionais. – Essa montagem serve como lente de aumento de situações tóxicas vividas cotidianamente pelo espectador nas relações de trabalho, além de refletir sobre a qualidade da saúde mental no ambiente profissional, tema que gera muitos afastamentos do trabalho. E os números só crescem. É com urgência que temos que debater mais esses temas – ressalta.
Ficha Técnica:
Texto: Rafael Martins
Direção: Marcelo Morato
Elenco: Julia Couto, Lay Ribeiro, Lucas Miranda e Luciano Pontes
Figurino: Wanderley Gomes
Cenografia: Marcelo Morato
Iluminação: Wilson Reis
Operação de Luz: Ana Parreiras
Trilha sonora: Diogo Perdigão
Operação de som: Diogo Perdigão
Assistência de direção: Luca Matteo
Assistência de produção: Pamela Salsa
Fotografia: André Garzuze
Filmagem: Tamo em Copa Filmes
Assessoria de Comunicação: Rodolfo Abreu / Interativa Doc
Realização: Terceiro Sinal Produções
Instagram: @vidautil.teatro
Este espetáculo foi selecionado pelo edital de chamada pública n. 2/2025 de Artes Cênica do Centro de Artes UFF.