A Prezada Companhia de Teatro, com direção de José Fernando Peixoto de Azevedo, estreia oresteia.br no TUSP. A peça abre a Mostra Teatro Pós-Trauma no TUSP e se apresenta em março e abril.
Com direção de José Fernando Peixoto de Azevedo, textos de Ésquilo, Eurípides e Pier Paolo Pasolini, a Prezada Companhia de Teatro estreia oresteia.br.
oresteia.br nasce da tentativa de elaborar algumas perguntas, em meio a tanta perplexidade a nos tomar. O que ainda podemos fazer juntos? Quem integra o coro? Qual o valor de uso da mentira? Como pronunciar palavras propícias? Ao texto de Ésquilo somamos trechos de Eurípides (Ifigênia em Áulis) e de Pasolini (Pílades), compondo um material que nos permite cravar na encruzilhada-Brasil nossos corpos em estado de combate.
“Olhar no olho da tragédia” – assim Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, esboçava os termos de um programa de trabalho (interrompido pela morte precoce em 1974) que visava a compreensão daquilo que, à época, chamavam “vida nacional”. Agora, em 2023, voltamos à tragédia e, certamente, é com os olhos do presente que lançamos nossas perguntas ao material. Isto, num momento em que as práticas de extermínio confrontam as perspectivas democráticas. Na contramão da visão trágica grega, a “nossa tragédia” evidencia: o sofrimento nada ensina.
Para o diretor José Fernando Peixoto de Azevedo, “resta-nos um pouco de uma certa consciência trágica: reconhecer a distância que separa aquilo que imaginamos ser daquilo que nos tornamos, e escolher seguir. Alguns ainda dão, a essa fratura, o nome de Brasil.” Carmina Juarez, diretora musical da peça, acredita que oresteia.br é uma travessia de resistência pelas invocações: do prelúdio às bengaladas, do balbucio às vociferações.”
A Prezada Companhia de Teatro surgiu a partir de um processo de montagem, na Escola de Arte Dramática da USP. A peça era a Oresteia, de Ésquilo, e a direção era de José Fernando Peixoto de Azevedo.
José Fernando Peixoto de Azevedo foi fundador e diretor artístico do Teatro de Narradores; escreveu e dirigiu trabalhos com o grupo Os Crespos. Seus mais recentes trabalhos no teatro são Um inimigo do povo, Navalha na Carne Negra e As mãos sujas, com projetos também em Berlim.
Mostra Teatro Pós-Trauma
A mostra Teatro Pós-Trauma, um projeto do TUSP – Teatro da Universidade de São Paulo, faz uma amostragem de espetáculos recentes que, em comum, se originaram dentro da Universidade de São Paulo e que tratam verticalmente dos traumas recentes do país. Entre março e junho de 2023, a mostra traz à sede do TUSP na capital três espetáculos gerados em diferentes âmbitos dentro da USP, que, por distintos olhares, encaram de frente a crise da democracia no Brasil e o horror dos últimos anos. Além de oresteia.br, da Prezada Companhia de Teatro, Um Memorial para Antígona com direção de Vicente Antunes Ramos e Verdade do grupo Tablado SP e direção de Alexandre Dal Farra integram a programação que vai até junho de 2023.
Ficha Técnica:
Textos: Ésquilo, Eurípides e Pier Paolo Pasolini
Espaço de cena, dramaturgia e direção geral: José Fernando Peixoto de Azevedo
Elenco: Bruno Vaz, Caio Nogali, Daiane Gomes, Luisa Silva, Filippe Rosenno, Julio Aracack, Thai Muniz, Tricka Carvalho
Direção musical e práticas da voz: Carmina Juarez
Piano: Natália Nery
Câmera em cena/Imagens: André Voulgaris
Desenho de luz : Denilson Marques
Trilha Sonora: José Fernando Peixoto de Azevedo, Carmina Juarez, Prezada Companhia
Operação de imagens: Alex Brito
Operação de luz: Felipe Mendes e Geovanna Moreira
Operador de som: Camilo Muñoz e João Pedro Feijó
Figurino: José Fernando Peixoto de Azevedo, Prezada Companhia e Silvana Carvalho
Confecção de Figurino: Silvana Carvalho
Cenotécnica: Nilton Ruiz e Zito Rodrigues
Adereços/Objetos de cena: Paulo Basílio
Edição de vídeo: Caio Nogali
Preparação corporal e assistência de direção (Primeira Fase): Fernando Vicente
Preparação corporal (Segunda Fase): Ana Maria A. Miranda
Trabalho com máscaras: Bete Dorgam
Estilização de máscaras: Thai Muniz
Consultoria teórica: Beatriz de Paoli, JAA Torrano, Milena Faria e Sandra Sproesser
Traduções: Oresteia, de Ésquilo – Manuel de Oliveira Pulquério; JAA Torrano; Ifigênia, de Eurípides – JAA Torrano; Pílades, de Pier Paolo Pasolini – Alex Calheiros, Oresteia, o canto do bode – adaptação de Reinaldo Maia
Projeto gráfico: Dalua Criações
Fotografia: Caio Oviedo e Andréa Menegon
Colaboraram durante o processo (vídeo): Gabriel Siviero, Diego Oliveira, Igor Barreto e Rai do Sol
Produção: Corpo Rastreado, José Fernando Peixoto de Azevedo e Prezada Companhia
Apoio: Escola de Arte Dramática – EAD/ECA-USP
Espetáculo realizado originalmente no contexto da Escola de Arte Dramática.