Inf Peças
11 SELVAGENS
A montagem imersiva de Pedro Granato, coloca atores e público lado-a-lado em cenas que explodem em impulsos de violência. Desde que estreou em 2017, o Brasil vem aumentando a temperatura e a violência de seus embates. Nas últimas temporadas, a peça e os debates que se seguiam após a apresentação, serviram de válvula de escape para as enormes tensões políticas dos últimos anos. Agora, a montagem retorna em um ambiente mais hostil estimulado pelas campanhas eleitorais.nnDa violência à sensualidade, do absurdo ao trivial, são onze quadros interligados como uma camada de sociabilidade que pode rapidamente ser rompida em nossos dias. As cenas se desenrolam como se a plateia estivesse na mesma situação dos atores. Algumas geram reações, em outras o espectador é cúmplice e voyer. Cada quadro é levado ao paroxismo e quando parece não haver mais para onde ir, a música toma o ambiente e os atores extravasam em coreografias.
O CASO MEINHOF
O Caso Meinhof, montagem do Teatro do Fim do Mundo é livremente inspirada no texto Ulrike Maria Stuart, da ganhadora do Nobel de literatura Elfriede Jelinek. A partir da história da RAF, grupo terrorista alemão dos anos 70 (com as mulheres Ulrike Meinhof e Gudrun Ensslin na liderança), a peça discute o fracasso e a herança dos movimentos revolucionários do século XX, além de debater a presença das mulheres na liderança de processos políticos, entre outros temas que se mostram urgentes no Brasil de hoje. nUlrike Maria Stuart é com frequência considerada a mais importante peça de Elfriede Jelinek, autora fundamental para a dramaturgia contemporânea, apesar de sua obra ainda ser pouquíssimo encenada no Brasil. Foi a primeira lançada após ela ser premiada com o Nobel em 2004. nnAo tratar de temas fundamentais para pensar o tempo em que vivemos – o aparente fracasso dos projetos revolucionários, o perigo da violência autoritária por parte de quem deseja mudar o mundo, e ao mesmo tempo a impossibilidade de se conformar a uma ideia de que o mundo não pode ser transformado – a peça se faz urgente em um contexto brasileiro de crise profunda, em que a imaginação política se vê travada pelo peso excessivo dos vícios históricos do país.
- Sexta20h
- Sábado20h
- Domingo18h