Denise Stutz celebra 20 anos de “DeCor” na mostra “Movimentos de Solo” no Espaço Cultural Sergio Porto
No dia 7 de maio (quarta-feira), às 19h30, o palco do Espaço Cultural Municipal Sergio Porto recebe um reencontro com a história da dança contemporânea brasileira: Denise Stutz apresenta “DeCor”, espetáculo solo que celebra duas décadas de existência e relevância no cenário artístico nacional e internacional.
Mais do que uma apresentação, a noite marca um retorno simbólico: foi ali mesmo, no Sergio Porto, que “DeCor” estreou pela primeira vez, há mais de 20 anos. Desde então, a obra percorreu importantes palcos do Brasil e do mundo, reafirmando sua força e atemporalidade. A performance de Stutz faz parte da mostra “Movimentos de Solo”, dedicada a trajetórias singulares e marcantes de espetáculos de mulheres que ocupa o palco do Sergio Porto até o final de maio.
“DeCor” — ou De cor, Du coeur, De coração, Decorado — é um mergulho poético na fisicalidade da memória. Ao som delicado e emblemático de “Claire de Lune”, de Claude Debussy, Denise Stutz convida o público a acessar, junto com ela, as marcas invisíveis deixadas pelos anos de ofício. “Transformar uma história em algo legível, fazendo da memória, do tempo e do espaço um jogo cênico”, diz a sinopse. E é exatamente isso o que acontece: corpo e lembrança se fundem em cena, num ritual de presença e partilha. Eleito pelo jornal O GLOBO como um dos melhores espetáculos de 2004, “DeCor” continua potente e com uma entrega visceral de Denise Stutz.
Um corpo que carrega a história
Com quase meio século de trajetória dedicada à dança e ao teatro, Denise Stutz é uma figura central no pensamento e na prática da arte no Brasil. Fundadora do Grupo Corpo em 1975, foi colaboradora de nomes como Lia Rodrigues, Angel Vianna, Enrique Diaz, Luiz Fernando Carvalho e Inêz Viana, entre outros. Seus solos — “Finita” e “EntreVer” — desafiam as fronteiras entre corpo, palavra e imagem.
Stutz também marcou presença como preparadora de atores na televisão, em produções como “Hoje é dia de Maria” e “Capitu”, e colaborou com múltiplos coletivos e diretores em projetos que cruzam teatro, dança e performance.
Nos últimos anos, assinou direções de destaque como “Desabamentos”, “Azira’l” e o infantil “A Máquina do Tempo”, além de trabalhos de preparação corporal para atores da TV Globo e projetos de formação em diversas regiões do país.
Assitir “DeCor” duas décadas após a estreia é mais do que presenciar uma apresentação: é testemunhar um corpo que se mantém em escuta, em jogo, em transformação. Um corpo que guarda e revela uma história de arte e de dança no Brasil.