Sara Antunes encerra temporada do espetáculo Dora com duas sessões gratuitas no TUSP Butantã
A peça é o resultado de um longo processo de pesquisa da atriz Sara Antunes, que compartilha trechos de escritos e cartas trocadas entre a guerrilheira Maria Auxiliadora Lara Barcelos e sua mãe, recriando um campo de comunicação entre o confinamento e a possibilidade da utopia.
Maria Auxiliadora Lara Barcelos (1945-1976), nascida em 25 de março na cidade de Antônio Dias (MG), é uma figura rica em história, embora pouco conhecida. Estudante de medicina e integrante da VAR (Vanguarda Armada Revolucionária), Dora tinha 23 anos quando foi presa. Foi libertada no grupo dos 70 em troca do embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher e banida do Brasil. Viveu no Chile, Bélgica, França e, em 1974, estabeleceu-se na Alemanha, onde, em 1976, aos 31 anos, cometeu suicídio em Berlim, jogando-se na frente de um trem.
Durante seu tempo na prisão, Dora foi submetida a diversas formas de violações, principalmente de natureza desmoralizante por sua condição de mulher. Foi exposta como objeto de visitação para militares curiosos e sofreu degradação moral diante de seus companheiros. Dora denunciou essas violências durante seu julgamento na Justiça Militar. No exílio, ela escreveu: “Sou boi marcado, fui aprendiz de feiticeira… Eu era criança e idealista. Hoje sou adulta e materialista, mas continuo sonhando. Dentro da minha represa, não há lei neste mundo que impeça o boi de voar.
Ficha Técnica:
Direção, texto e atuação: Sara Antunes
Assistente de direção: Renan Ferreira
Videografia: Vic von Poser e André Voulgaris
Captação e montagem de vídeos: Henrique Landulfo, Sara Antunes e Vic Von Poser
Cenário: Sara Antunes e Camila Landulfo
Figurino: Sara Antunes
Assistente de cenário, figurino e arte: Camila Landulfo
Luz: Wagner Antônio
Desenho sonoro: Edson Secco
Participação: Angela Bicalho
Operação de vídeo: Vic von Poser e André Voulgaris
Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli
Produção: Gabi Gonçalves e Lud Picosque – Corpo Rastreado