Hysteria, espetáculo de sucesso do Grupo XIX de Teatro, volta em sessões especiais em maio
Como parte das ações do projeto 5X XIX haverá também o lançamento do livro dos 19 anos de trajetória do grupo no dia 28 de maio.
Hysteria, que trata das intrincadas relações sociais da mulher brasileira no final do século 19, acompanha a história de cinco mulheres internadas no hospício diagnosticadas como histéricas, será apresentado de 6 a 21 de maio, em 6 sessões, aos sábados e domingos, às 15h.
A peça que lançou o XIX em 2001 estabelece uma comovente relação com a plateia. Ao entrar no casarão do antigo Armazém da Vila Maria Zélia, os homens vão para uma arquibancada na posição de observadores. As mulheres sentam lado a lado no espaço cênico estabelecendo uma cumplicidade entre as personagens. Esta interação, aliada a textos previamente elaborados, gera uma dramaturgia híbrida e única a cada apresentação.
Hygiene, que recria os sonhos e desencantos de imigrantes europeus amontoados em cortiços paulistanos no século 19, terá duas sessões dias 27 e 28 de maio, sábado e domingo, às 15h.
No dia 28, após a sessão, haverá também o lançamento do livro digital XIX – 19 anos: Memórias e Reminiscências de duas décadas do grupo XIX de teatro.
O projeto 5X XIX prevê até o final do ano a circulação do espetáculo infantil Hoje o Escuro Vai Atrasar Para Que Possamos Conversar; a realização dos Núcleos de Pesquisa com mostra final dos espetáculos criados, e o início do novo processo criativo inspirado na obra; O Atlas do Corpo e da Imaginação, do escritor português Gonçalo M. Tavares.
Luiz Fernando Marques destaca a importância do passar do tempo no amadurecimento dos espetáculos. “Hysteria e Hygiene nasceram para fazer um atrito entre dois tempos, o século 19 e o tempo em que elas foram feitas. Fazer essas peças agora continua tendo essa dinâmica. Ao longo do tempo percebemos como alguns assuntos ganharam importância, algumas questões ficaram mais densas, outras ganharam um sentido mais político. Quando estreamos elas tinham um significado mais nostálgico e hoje ganham outra relevância. O entendimento com a luta feminista, de classe, de raça, as questões de moradia se apresentam hoje com novas nomenclaturas que fazem algumas questões levantadas pelas peças estarem mais decupadas para o público e para nós também. Sentimos que as pessoas estão mais preparadas para essas lutas seculares. Outro ponto interessante é o modelo de políticas públicas para o teatro de grupo que possibilitou a montagem desses espetáculos. O modelo de criação no qual o XIX estava inserido, numa criação coletiva e autoral, era uma novidade na época que se transformou na linguagem do grupo e de outros coletivos. Atualmente, até pelo fim de muitas políticas de estado que ajudavam na manutenção desses grupos, ficou cada vez mais difícil a produção de espetáculos. Então assistir a Hysteria e Hygiene também é assistir um modelo de política pública que pensava nesse formato de criação”.
Hysteria foi a primeira peça montada pelo grupo e estreou em 2001. Ganhou 5 prêmios, incluindo o de revelação teatral pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), além de ter sido indicada para o Prêmio Shell de Teatro.
A história de passa no final do século 19, nas dependências de um hospício feminino. Cinco personagens internadas como histéricas revelam seus desvios e contradições – reflexos diretos de uma sociedade em transição, na qual os valores burgueses tentavam adequar a mulher a um novo pacto social. Cenicamente, abdica-se do palco e dos recursos de sonoplastia e iluminação, optando-se por um espaço não convencional, onde a plateia masculina é separada da feminina que é convidada a interagir com as atrizes.
O espetáculo soma mais de 350 apresentações em mais de 80 cidades brasileiras e 14 cidades no exterior. Em 2005, o grupo cumpriu uma temporada de dois meses em 8 cidades francesas por ocasião do Ano do Brasil na França. Mais tarde, em 2008, embarcou para a Inglaterra, apresentando-se em Londres e Manchester a convite do Barbican Center e do Contact Theatre. Em 2009, participou do projeto Palco Giratório do SESC, realizando apresentações em 58 cidades das 5 regiões do Brasil.
Sobre o Grupo XIX de Teatro
O Grupo XIX de Teatro tem um trabalho contínuo de 20 anos, com uma pesquisa temática e dramaturgia própria, uma pesquisa estética de exploração de prédios históricos como espaços cênicos e uma investigação sobre a participação ativa do público. Desde 2004 o Grupo XIX de Teatro realiza sua residência artística na Vila Maria Zélia na Zona Leste de São Paulo. A “Vila” é hoje um espaço de pesquisa, difusão e formação que abriga projetos como os Núcleos de Pesquisa que acolhem anualmente cerca de cem artistas, além de diversos espetáculos e oficinas.
Ao longo de sua trajetória acumula entre prêmios e indicações mais de 15 menções nos principais prêmios do país: Shell, APCA, Cooperativa Paulista de Teatro, Bravo!, Qualidade Brasil entre outros. Em 2017, ganhou o Prêmio Shell na categoria Inovação pela intervenção artística na Vila Maria Zélia.
O grupo já percorreu no exterior 21 cidades em 5 países (Europa: Portugal, Inglaterra, Itália e França; África: Cabo Verde). Hysteria fez turnê por 8 cidades francesas por ocasião do L’année du Brésil en France. Em junho de 2008 a peça cumpriu temporada no renomado Barbican Center de Londres na Inglaterra e, em 2009 o grupo foi convidado pelo Contact de Manchester para dirigir o espetáculo de formatura da instituição. Em 2012, o XIX participou da mostra São Palco, idealizada pelo O Teatrão, em Coimbra, Portugal e do Festival La scenna dell’incontro, em Bologna, Itália em parceria com o ITC e o Teatro dell’Arginne. Em 2013 o grupo participou do Ano do Brasil em Portugal por 5 cidades.
O grupo mantém em repertório suas nove peças: Hysteria (2001), Hygiene (2005), Arrufos (2008), Marcha para Zenturo (2010), Nada aconteceu Tudo acontece Tudo está acontecendo (2013), Estrada do Sul (2013), Teorema 21 (2016), Intervenção Dalloway: Rio dos Malefícios do Diabo (2017) e o espetáculo infantil Hoje o Escuro Vai Atrasar Para que Possamos Conversar (2018). Em 2021, durante a pandemia, estreou de forma online o espetáculo Infâmia, inspirado em um texto de teatro da década de 1930, de Lilian Hellman, que ganhou as telas do cinema em 1961, com Audrey Hepburn e Shirley MacLaine no elenco.
Ficha técnica:
Direção: Luiz Fernando Marques.
Criação, pesquisa de texto e figurinos: Grupo XIX de Teatro.
Elenco: Evelyn Klein, Mara Helleno, Ericka Leal, Juliana Sanches e Tatiana Caltabiano.
Produção Executiva: Andréa Marques.
Produção: Grupo XIX de Teatro.