O teatro de rua ocupa o bairro com 10 apresentações, entre espetáculos e intervenções poéticas, na 12ª edição da Mostra que oferece cultura, arte e diversão ao ar livre!
Nos dias 5, 6 e 7 de maio acontece na Zona Leste de São Paulo a XII Mostra de Teatro de São Miguel Paulista, realizada pelo grupo O Buraco d’Oráculo. Com programação diversificada, formando um painel do teatro de rua praticado no país, o evento reúne artistas do nordeste, sul e capital paulista. Os espetáculos são gratuitos, ao ar livre.
O palco da Mostra é a Praça do Fortunato da Silveira (popularmente conhecida como Praça do Morumbizinho), localizada na Vila Jacuí, região mais próxima ao centro do bairro São Miguel Paulista, onde se apresentam 10 grupos de teatro, cujos trabalhos apresentam estéticas relacionados à cenopoesia, usando a linguagem do circo, da música e da dança como forma de expressão poética.
A companhias e coletivos atuantes em São Paulo são: Teto de Estrelas, Éssa Companhia, Pombas Urbanas, Clarin de Dança, Corpo Aberto, Pandora, Exército Contra Nada e Acuenda. De Icapuí (CE), apresenta-se o Flor do Sol, e de Canoas (RS), o TIA – Teatro Ideia Ação (única sessão que ocorre na Travessa Roland Beringan, na Vila Nair).
Idealizada e realizada pelo grupo O Buraco d’Oráculo, desde 2002, a Mostra chega à sua décima segunda edição como uma atividade do projeto Centro de Estudos Teatrais Cenopoéticos – Casa d’Oráculo, contemplada na 38ª Edição do Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo. Projeto este que busca um aprimoramento das ações práticas e teóricas do grupo por meio do estudo da cenopoesia, linguagem com a qual O Buraco d’Oráculo se identificou nos últimos anos. Além da formação de um centro de estudo sobre o tema, o projeto conta com diversas atividades entre circulação, pesquisa, atividades formativas e a XII Mostra de Teatro de São Miguel Paulista.
O Buraco d’Oráculo
O Buraco d’Oráculo nasceu em 1998, resultado do trabalho do Núcleo de Teatro de Rua da Oficina Cultural Amacio Mazzaropi. O trabalho do grupo é calcado em pontos fundamentais para estabelecer as relações entre sua arte e o seu público: a rua, local fundamental para promover o encontro direto com o público; a cultura popular, fonte inspiradora; o cômico, destacando-se a farsa e as relações com o denominado “realismo grotesco”; e a cenopoesia, como mediadora das relações de afetos por meio do teatro. O Buraco d’Oráculo optou pelo popular e pela rua como determinação e alvo de crítica. Com seus trabalhos encontrou um público diferente daquele que frequenta as tradicionais salas de espetáculos. Começou a desenvolver projetos de forma descentralizada, buscando democratizar o acesso ao fazer teatral e promover uma reflexão sobre o mesmo. Por isso, desde 2002, atua na zona leste da cidade de São Paulo, sobretudo na região de São Miguel Paulista, sendo a Praça do Casarão seu principal ponto de atuação, desde 2004. O Buraco d’Oráculo já produziu 10 espetáculos que são protagonizados por pessoas comuns e que estão à margem da sociedade. Dessa forma busca discutir o homem urbano e seus problemas.
Sinopses:
Teto de Estrelas | Da Porta Pra Cá! – A encenação ocorre em um mundo feito de sonhos e devaneios onde os sentimentos de felicidade e tristeza se misturam, assim como a vida. A presença e ausência dialogam ocasionando o fenômeno mais sincero da natureza humana chamado saudade. Essa palavra expressa um aglomerado de ações que nos permite recordar momentos marcantes e singelos, que muitas das vezes nos fazem rir ou chorar. Da Porta Pra Cá convida o público a adentrar nos detalhes despercebidos do cotidiano de Edélio, um palhaço medroso, curioso e criativo que faz da sua solidão um mundo de boas lembranças, vivendo em um universo de fantasias que, entre suspiros, sustos e alegrias, compartilha com todes um pouco da vida.
Éssa Companhia de Teatro | Ensaio para Dois Perdidos – Ensaio para Dois Perdidos é uma “partida de futebol” de 90 minutos, com direito a intervalo, prorrogação de 15 minutos e “gol de ouro”. Está nas mãos, ou melhor, nos pés descalços desses atores jogadores, o artifício para gerar no público o desconforto necessário para decidir qual corpo vai morrer ali, como pede o texto original da obra de Plínio Marcos.
Flor do Sol | Brincando de Verdade – A história das lutas da comunidade de Redonda, em Icapuí (CE), é contada em versos e canções pelo Flor do Sol. O grupo iniciou suas atividades em 1991 com oficinas realizadas pelo então assessor cultural Ray Lima. Desde a época, desenvolveu diversos espetáculos e vem formando novas gerações de crianças e adolescentes filhos de pescadores com arte e educação popular.
Grupo TIA – Teatro Ideia Ação | Cenopoesia em Movimento – Livre adaptação dos poemas de Bertolt Brecht e Ray Lima. Cinco atores com seu boneco gigante andam pela rua anunciando a sua chegada em um cortejo alegre e musical. Em determinado momento, de acordo com a necessidade poética e energética do público e da localidade, o cortejo para e apresenta uma cena que transita entre a realidade e o extraordinário, causando surpresa e quebra de rotina aos transeuntes, mexendo com a estagnação imposta pelo cotidiano, muitas vezes repetitivo e maçante. Ressignificar os espaços públicos e a vida por meio da arte é uma necessidade; retirar, ainda que por um instante, os cidadãos de sua correria, permitindo que riam, sonhem, emocionem-se e sejam críticos, é a proposta do espetáculo.
Grupo Pombas Urbanas | Florilégio – O espetáculo parte do território do real, ancestral e dos sonhos, em um espaço/tempo que nos aproxima de pessoas e histórias. Entre poesias, músicas, danças, lutas, mas também entre encontros e desencontros próprios de nosso tempo, transita por narrativas que envolvem a construção de uma comunidade, criando uma tessitura em torno dos sentidos do esperançar, inspiração vinda do educador Paulo Freire.
Cia. Clarin de Dança | Cebola – Casca de Um todo – O espetáculo faz uma reflexão sobre os tipos de relacionamentos, utilizando a metáfora da cebola para trabalhar sobre as várias camadas do amor. Por meio de músicas da bossa nova, trilha um caminho que busca lembranças de relacionamentos no íntimo de cada pessoa. O bailado deste trabalho visa impressionar por sua precisão coreográfica, levando a dança ao público transeunte para mudar aquele instante. Uma troca de olhar, a entrega de uma rosa e muita dança: tudo em torno de um banco de praça, onde as pessoas passam e lembram de momentos de tranquilidade com o ser amado.
Cia. Corpo Aberto | Revoada – Revoada é um espetáculo de dança teatro nascido do vento. Corpos pássaros que se deslocam e realizam aprendizados de voo. Revoada faz ninho nos cachos, assovia poesia no pé do ouvido e germina flor na ponta dos dedos. É uma menina brincando com passarinhas no quintal, planejando o dia que conseguirá revoar com elas. Convite a um tempo que desacelere, morada que resiste à ansiedade.
Grupo Pandora de Teatro | Nina e a Cidade Que Perdeu o Vento – Nina, uma garota que trabalha com entregas, durante a pandemia no Brasil, parte em sua jornada fantástica para levar uma importante encomenda até um lugar muito distante, a cidade que perdeu o vento. Com dramaturgia coletiva, o espetáculo explora os impactos da pandemia nas periferias, apostando no lúdico e poético para construção de uma narrativa fantástica. O público-alvo surge da vontade de falar sobre esse período com as crianças, após o isolamento social, a distância dos amigos, da escola, as mudanças na rotina e perda de entes queridos.
Exército Contra Nada | Estado de Risco – Nesse espetáculo, artistas de rua ocupam os espaços públicos para juntos colocarem-se em estado de risco com números de circo, poesia e música. A encenação do grupo circense suscita o riso e, nesse equilíbrio, experimentam uma forma de tornar a vida mais leve. O Exército Contra Nada surgiu em 2011, em Londrina (PR) e, em 2015, fez sua transição para a cidade de São Paulo. Essencialmente, é um grupo que tem uma pesquisa voltada para uma arte pública. Sua proposta é criar momentos de alegria e esperança, para que possamos rir, respeitar e celebrar as diferenças.
Coletivo Acuenda | Cabaret D’água – As vozes do Brasil é uma forma poética e artística de convidar cada espectador a avançar o olhar para o meio ambiente, a começar pelo nosso entorno. A trajetória do Coletivo Acuenda é atravessada pelo Rio Tietê por meio do desejo de falar para a comunidade sobre a importância de cuidar do nosso espaço. Usam como referência nas performances um animal silvestre da fauna brasileira, trazendo também um repertório com obras de grandes nomes da música popular brasileira como Maria Bethânia, Gal Costa, Clara Nunes, Elza Soares, Margareth Menezes, Rita Lee e Elis Regina. O coletivo alerta para o fato do mundo estar perdendo a corrida contra as mudanças climáticas necessárias para a manutenção natural do planeta. “Nós somos a última geração com chance de colocar o mundo em um caminho de sustentabilidade e evitar mudanças climáticas catastróficas”, avisam.
5 de maio – sexta-feira
11h – Grupo Teto de Estrelas (São Paulo/SP) – Da Porta Pra Cá! (50 min)
15h – Éssa Companhia de Teatro (São Paulo/SP) – Ensaio para Dois Perdidos (70 min)
18h – Flor do Sol (Icapuí/CE) – Brincando de Verdade (60 min)
6 de maio – sábado
11h – Grupo TIA – Teatro Ideia Ação (Canoas/RS) – Cenopoesia em Movimento (60 min)
Esta apresentação do Grupo TIA acontece na Travessa Roland Beringan, na Vila Nair.
15h – Grupo Pombas Urbanas (São Paulo/SP) – Florilégio (60 min)
19h – Cia. Clarin de Dança (São Paulo/SP) – Cebola – Casca de Um todo (60 min)
7 de maio – domingo
10h – Cia. Corpo Aberto (São Paulo/SP) – Revoada (50 min)
11h – Grupo Pandora de Teatro (SP/SP) – Nina e a Cidade Que Perdeu o Vento (70 min)
15h – Exército Contra Nada (São Paulo/SP) – Estado de Risco (40 min)
17h – Coletivo Acuenda (São Paulo/SP) – Cabaret D’água (50 min)