Uma paisagem cênico-musical sobre a poética de Augusto dos Anjos
Trevas ao Meio-Dia é um experimento dialógico de voz e piano, que reúne a atriz e diretora Johana Albuquerque, o compositor e pianista Pedro Birenbaum e a atriz e cantora Maria Bia. Cenas performáticas de poesias selecionadas do paraibano Augusto dos Anjos (1884-1914) ocorrem, em paralelo a músicas ao piano, especialmente compostas para interagirem com os textos.
É uma paisagem cênico-musical que investiga a poética de Augusto, extraída de seu único livro, Eu e outras poesias, que bastou para projetá-lo ao patamar dos grandes escritores do séc. XX.
Em certos momentos, projetadas numa tela, surgem letreiros, gravuras, fotos e cenas pré-gravadas que se mesclam com as performances presenciais, emergindo o universo imagético e telúrico do grande poeta: a obsessão pela morte e suas precisões científicas, a força cruel do tempo inexorável, a imensidão cósmica, a escuridão e as forças obscuras do homem e da natureza.
Apesar de um português longínquo, com termos, conceitos e métricas distantes de nós que estamos aqui em pleno século XXI, a obra de Augusto dos Anjos nunca esteve tão atual. Suas palavras ressurgem hoje com luz e potência, evocando dramaticidade, lirismo e, paradoxalmente, transmitindo beleza, horror e paixão.
Poeta paraibano simbolista, ou mesmo pré-modernista, segundo o crítico Ferreira Gullar, e mais conhecido como “o poeta da morte” – Augusto dos Anjos está em todos os currículos do Ensino Médio.
Trevas ao Meio-Dia é mais uma criação e produção da Bendita Trupe e foi especialmente concebida pela diretora Johana Albuquerque para a Biblioteca Mário de Andrade.
Sobre a Bendita Trupe
Premiado conjunto paulistano, com linhas de pesquisa e criação de espetáculos para públicos adulto e infantojuvenil, com linguagem crítica e poética voltada ao Brasil contemporâneo. Tem como princípio fundamental estimular a inteligência e o humor de todas as idades, perseguindo o ideal de um teatro “sério” e paradoxalmente, divertido.
Em 2023, a Bendita Trupe realiza Volpone, a Raposa e as Aves de Rapina, no Teatro Arthur Azevedo. Em 2022, ganha a Lei de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo, para realizar Desmascarados, uma Desconstrução de O Rei da Vela, em homenagem aos 100 anos da Semana de Arte de 1922. Como resultado inicial da pesquisa para este espetáculo, o projeto gerou um experimento cênico pedagógico, Fortes e Vingativos como o Jaboti, um “painel lítero-musical imagético” sobre o Modernismo, que se apresentou na Cúpula do Theatro Municipal. Em 2020, na comemoração dos 20 anos da cia., realiza Protocolo Volpone. Primeiro espetáculo a subir a cena na pandemia, ainda antes da vacina, o grupo retorna ao presencial com todos os protocolos de segurança. Em 2017, produz Hospedeira & Paquiderme: Díptico de Estranhas e Esquizos Dramaturgias, dois monólogos que conversam sobre os colapsos mentais, que estreou no SESC Consolação. Em 2015, encena dois espetáculos de jovens dramaturgos do SESI – British Council, Solilóquios e Em Abrigo, que esteve em cartaz no Mezanino do SESI Paulista.
Sobre Johana Albuquerque
É diretora, atriz, produtora e pesquisadora teatral. É pós-doutora pela ECA/USP e dirige a Bendita Trupe. Tem 20 espetáculos encenados na cidade de São Paulo com a Bendita Trupe. Johana também é professora universitária. Além das montagens com a sua cia., em 2018 dirige a pesquisa cênica Quadro em Branco, numa parceria com o PPGEAC da UNIRIO, com as professoras atrizes Rosyane Trotta e Jacyan Castilho, uma revisitação ao Auto dos 99%, do Centro Popular da Cultura, CPC, tomando a história da universidade pública brasileira como metáfora da exclusão social no país. Em 2015, Johana dirige o Coletivo Quizumba, um coletivo negro com a pesquisa Santas de Casa Também Fazem Milagres, pela Lei de Fomento ao Teatro, que resultou no espetáculo Oju Orum, na Sala Adoniran Barbosa, no CCSP.
FICHA TÉCNICA:
Roteiro, Atuação e Direção: Johana Albuquerque
Composição, Piano e Atuação: Pedro Birenbaum
Atuação e Canto: Maria Bia
Visualidades: Julio Dojcsar
Figurinos e Visagismo: Leopoldo Pacheco
Vídeo: Marcelo Villas Boas e Sabre Fiorentino
Iluminação: Luciana Silva
Produção: Bendita Trupe
Realização: Biblioteca Mário de Andrade