ANDREA BELTRÃO RETORNA AO TEATRO POEIRA COM ANTÍGONA
Vista por mais de 40 mil espectadores, recriação do clássico de Sófocles rendeu à Andrea o Prêmio APCA de Melhor Atriz em 2017
Sucesso absoluto de público, com mais de 40 mil espectadores desde a estreia e vencedor do APCA de Melhor Atriz para Andrea Beltrão, em 2017, a peça Antígona retorna ao Teatro Poeira para uma curta temporada. A montagem do texto de Sófocles, traduzido por Millôr Fernandes, tem dramaturgia assinada a quatro mãos por Andrea Beltrão e Amir Haddad, que assina também a direção.
Escrita por Sófocles há 2.500 anos, a história passada em Tebas fez tanto sucesso na época, que o público ateniense ofereceu ao autor o governo de Samos, uma das ilhas gregas. O espetáculo traz Andrea Beltrão como a personagem-título da trama – a jovem princesa que enfrenta a ordem do rei Creonte de deixar seu irmão, que lutou na guerra, sem sepultura. Mas ao contrário do autor original, que partiu do mito já conhecido para o teatro, parte-se do teatro para chegar ao mito que dá nome ao espetáculo. Ao desobedecer a determinação real, ela paga com a própria vida. É estabelecido, então, o confronto entre o Estado e o cidadão.
“Todos esses mitos que povoavam o imaginário grego, como Antígona, faziam parte do dia a dia do povo, funcionavam como um bem público”, analisa o diretor Amir Haddad, assinalando que, quando o teatro se estabeleceu, naquele tempo, como uma forma de expressão artística, todos já conheciam o que seria representado. “Sófocles se apoderou da história e escreveu esse texto. O que Andrea e eu fizemos foi partir das informações da peça para chegarmos ao mito.”
Na opinião da atriz, um texto clássico, como este, não é de interpretação complicada. As narrativas embaralham as emoções por ir direto ao coração, à memória, e aos sentimentos. “Como um texto escrito há 2.500 anos pode falar exatamente sobre o que eu sinto agora? Não é a gente que lê o texto da tragédia grega, é a tragédia grega que lê a gente, por isso não precisamos ter medo de não entendê-la. Faz parte de nós, enriquece, questiona, exige que tentemos mais uma vez”, analisa.
Para ela e o diretor, essa montagem transpira atualidade gigantesca. “Fala da liberdade do cidadão diante do poder do Estado, e de como isso atinge a vida mais ancestral do ser humano”, observa Haddad. “A peça se dá nessa reflexão feita por ator e público sobre a história, por meio de uma excelente narradora, que é a Andrea”, completa.
Em diálogo com a plateia em ritmo acelerado, conectado ao movimento do mundo contemporâneo, a atriz se utiliza de recursos mínimos, como uma echarpe vermelha ou um casaco, para desenrolar a trama e, assim, ir povoando o palco com os personagens interpretados por ela mesma. Andrea os apresenta, quase que didaticamente, antes de representá-los, permitindo ao público adensar o seu conhecimento da história e traçar paralelos com a atualidade.
Igualmente, a cenografia apresenta linguagem moderna e reforça a atuação da artista entre os atos de narrar e representar este mito, em cenas que se desenvolvem diante de uma espécie de árvore genealógica, em forma de mural. Uma cadeira, uma escada, uma mesa e um amplificador para o som com microfone, complementam o cenário. A proposta é restaurar a força popular do teatro.
Andrea Beltrão Iniciou a carreira no Teatro Tablado em 1978, interpretando o personagem João Grilo, da peça O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. No início da década de 1980, integrou os grupos teatrais O Arco da Velha, Manhas e Manias, Manhas de Cabaré.
Recebeu o Prêmio Shell de melhor atriz pela peça A Prova (2002). Em 2005, ao lado de Marieta Severo, fundou o Teatro Poeira no Rio de Janeiro. Em 2008, ganhou o prêmio de melhor atriz por sua atuação, na peça As Centenárias.
De 2017 a 2019 o espetáculo viajou o Brasil, aclamado pela crítica e sucesso de público. Em 2021, estreou o espetáculo O Espectador, ao lado de Marieta Severo, Renata Sorrah e Ana Baird, que lhe rendeu indicações ao Prêmio Cesgranrio de Teatro e Prêmio Shell de melhor atriz.
FICHA TÉCNICA:
Autoria: Sófocles
Dramaturgia: Amir Haddad e Andrea Beltrão
Direção: Amir Haddad
Com: Andrea Beltrão
Tradução: Millôr Fernandes
Iluminação: Aurélio de Simoni
Figurino: Antônio Medeiros
Direção de Movimento: Marina Salomon
Ambientação e Projeto Gráfico: Fabio Arruda e Rodrigo Bleque
Trilha Sonora: Alessandro Persan
Operação de Luz e Som: Bruno Aragão
Produção: Boa Vida Produções Artísticas
Realização: Trígonos Produções Culturais
Direção de Produção: Carmen Mello
Produção e Mídias Sociais: Nicolle Meirelles
Agradecimentos: Marieta Severo, Aderbal Freire-Filho, Fernanda Torres, Fernando Philbert, Marilena, Laura, Chico, Rosa, Zé, Antônio, Mauricio, Ana Cristina Manfroni.
OBS. Há possibilidade de ingressos de ARQUIBANCADA** para todos os dias de espetáculo, somente na bilheteria do Teatro.
**ARQUIBANCADAS não acessíveis à pessoas portadoras de deficiências ou com mobilidade reduzida.
Texto disponibilizado pela produção do espetáculo.