Clarice Lispector para todas as idades: Brincar de Pensar explora oito contos da escritora em temporadas gratuitas pela cidade de São Paulo.
Com direção e concepção de Vanessa Bruno, espetáculo infanto-juvenil celebra 10 anos e retrata o fim da infância e o começo da adolescência com delicadeza e poesia.
As singelas descobertas da infância, bem naquele momento de virada para a adolescência, são o mote do espetáculo Brincar de Pensar – contos de Clarice Lispector no palco para pessoas grandes ou pequenas, que faz novas temporadas, todas gratuitas, em cinco teatros municipais de São Paulo entre os dias 04 de março e 05 de abril de 2023 (confira a programação completa abaixo). Haverá sessões com tradução em libras.
Dirigido e concebido por Vanessa Bruno, idealizadora do VULCÃO [criação e pesquisa cênica] e pesquisadora da transposição da literatura para cena, o espetáculo completa 10 anos de circulação nos palcos brasileiros e, em 2014, sucesso de público, esteve nas listas dos melhores espetáculos para a infância e a juventude feita pela crítica especializada.
A peça é um convite à imaginação. A partir de oito contos e crônicas publicados por Clarice Lispector no Jornal do Brasil entre 1967 e 1973, o público é estimulado a inventar, filosofar e sentir, revisitando suas memórias de maneira doce e singela.
“Essas histórias não foram escritas para crianças. Clarice se inspirou nas suas lembranças de infância e na observação dos seus filhos para desenvolvê-las. É por isso que essas narrativas ecoam tão bem nos corações de pessoas de várias idades”, conta Vanessa Bruno. Para Isabel Wilker, uma das atrizes do espetáculo, o processo de criação foi como voltar no tempo e relembrar seus sonhos de infância de um jeito bastante intenso.
Para ajudar a transpor esses contos para o palco, o VULCÃO contou com o apoio dramatúrgico de Michelle Ferreira.
Na trama, Marília (Isabel Wilker) recebe um presente inesperado e anônimo que desperta sua imaginação e permite que Outrem (Luiz Felipe Bianchini) e sua parceira (Carol Marques da Costa) saiam do empoeirado sótão para brincar de pensar, imaginar, lembrar e criar através das palavras. É tudo muito mágico!
A cada conto, um “pedaço de memória” é resgatado pela protagonista. Em “Felicidade Clandestina”, uma menina de oito anos apaixonada por literatura implora para a filha do dono de uma livraria emprestar os livros que ela não lia. Em “Restos do Carnaval”, uma garota deseja ir pela primeira vez a um baile de carnaval. “Come, meu Filho” revela um diálogo irreverente entre uma mãe e seu filho. Já “Sou uma Pergunta?” reúne dezenas de questionamentos sobre cores, crenças, situações e comportamentos.
Em “Uma Esperança”, mãe e filho dão de cara com um inseto verde chamado esperança e com uma enorme aranha. “Das Vantagens de ser Bobo” narra observações entre o esperto e o bobo. “Se eu Fosse Eu” imagina como tudo seria diferente se cada um fosse si mesmo. Por fim, em “Brincar de Pensar” o público é apresentado aos prazeres e divertimentos do ato de pensar.
Os espectadores assistem à obra como se estivessem virando as páginas de um livro. Isso porque a narração foi construída de maneira fragmentada e sobreposta, em episódios, e, ao mesmo tempo em que os intérpretes contam e vivem as suas aventuras, eles adicionam elementos ao cenário, como uma máquina de escrever ou um telefone de disco.
Brincar de Pensar utiliza a linguagem multimídia para potencializar o trabalho. Lucas Pretti e Rafael Frazão criaram diversas intervenções em vídeo hiper coloridas, inspiradas nas pinturas surrealistas de Chagall. Os figurinos e adereços assinados por Ronaldo Dimer, bem como a iluminação de Fernanda Guedelha, mantém essa atmosfera divertida e com uma profusão de cores.
A trilha sonora, especialmente composta para o espetáculo por Edson Secco, garante um clima misterioso e delicado para a trama. E, ao lado de Tatiana Parra e Fábio Barros, o compositor musicou o conto “Sou uma Pergunta?”.
O projeto foi contemplado pela 15 edição do Prêmio Zé Renato que inclui a circulação também da temporada gratuita da peça adulta Águas do Mundo, baseada em trechos do romance “Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres”, de Clarice Lispector, nos teatros municipais de São Paulo entre os dias 04 de março e 05 de abril. Ao final de todas as apresentações a equipe recebe uma convidada para desdobrar sentidos da obra com o público.
Ficha Técnica:
Proposição, concepção e direção: Vanessa Bruno
Elenco: Carol Marques da Costa, Isabel Wilker e Luiz Felipe Bianchini
Apoio dramatúrgico: Michelle Ferreira
Produção multimídia: Lucas Pretti e Rafael Frazão
Figurinos e adereços: Ronaldo Dimer
Composição e execução da canção tema: Tatiana Parra e Fábio Barros
Trilha sonora: Edson Secco
Operação de som e projeção: Lenon Mondini
Fotos: Bob Sousa
Iluminação: Fernanda Guedelha
Produção: Corpo Rastreado | Lud Picosque e Anderson Vieira
Realização: VULCÃO [criação e pesquisa cênica]
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto Comunicação | Márcia Marques
29 de março haverá tradução em libras
Logo após as apresentações, estão programados debates com convidados a confirmar.
Texto disponibilizado pela produção do espetáculo.