Você está na cidade de:

CINCO POEMAS PARA A SENHORA R

Cinco Poemas para a Senhora R revisita trechos da história de uma das últimas testemunhas vivas do holocausto, Rita Braun

Espetáculo integra o Projeto Rita Braun Vive, idealizado pela produtora Célia Terpins, que engloba ainda a reedição do livro Fragmentos de Uma Vida, de Rita Braun, palestras sobre Holocausto, LGBT+ e Refugiados, além da exibição de filmes sobre o holocausto. O elenco reúne Denise Weinberg, Paula Ravache e o ator Mauro Schames, além do músico Bruno Menegatti.

Cinco poemas para a senhora R é um espetáculo que revisita parte da história de Rita Braun, judia polonesa que sobreviveu ao holocausto, uma das últimas testemunhas vivas desse período, e que vive em São Paulo com a família desde 1946. Ele acontece na forma de cinco poemas cênicos, criados a partir dos relatos de Rita contidos em seu livro de memórias, de entrevistas gravadas ao longo de sua vida e de depoimentos dos familiares; também de uma parte ficcional, criada a partir das histórias, pensamentos e vivência dos intérpretes e de toda a equipe de criação que participou ativamente do processo de construção da dramaturgia e do espetáculo.

Assim a dramaturgia e a encenação aproximam o espectador do universo presente na história de Rita, em sua luta pela sobrevivência, ao lado de sua mãe, durante a segunda grande guerra, na Polônia e também os conecta com os dias de hoje e as pessoas que somos, nossas posturas e condutas. A peça propõe um olhar ao mesmo tempo indignado e crítico sobre esse episódio da história, suas reverberações e espelhamentos nos dias de hoje, na tentativa de manter viva e forte essa memória tão necessária; e ao mesmo tempo levantar hipóteses de entendimento e resistência às atitudes impensáveis que nós, seres humanos, em algumas situações e tempos, somos capazes de tomar.

Sobre Rita Braun
Rita Braun nasceu em 1930, em Cracóvia, Polônia, numa tradicional família judaica. Teve uma infância feliz, onde aprendeu a dançar, declamar e amar o cinema. Aos 9 anos, durante suas férias escolares, ouviu barulho de aviões de guerra e sem poder imaginar que aquele momento mudaria drasticamente sua vida, assistiu ao início da Segunda Guerra Mundial. A partir deste fato, as transformações na vida de todos da família foram ocorrendo involuntariamente. Viveu em vários guetos, viu familiares morrerem, passou fome, presenciou atrocidades que fizeram sofrer pessoas que conhecia. Viveu na clandestinidade, trocou de identidade várias vezes para se salvar. Sempre ao lado da mãe, guerreira que transmitiu muita segurança à filha, viu o contato com seu pai dar-se também de forma muito singular. Rita escreveu “Fragmentos de Uma Vida”, livro que embasou o trabalho da peça. O objetivo central da peça é relatar momentos vividos por esta grande mulher, que hoje tem como missão de vida passar adiante o que aconteceu, para que não seja esquecido.

A peça
O espetáculo acontece em cinco fragmentos (poemas), cada qual com uma parcial autonomia em relação aos outros. No primeiro: Eu estou viva, eu estou vivo vemos a relação (fictícia) criada a partir dos intérpretes em relação à história de Rita e os questionamentos quanto ao sentido de se montar um espetáculo como esse, nos dias de hoje e também do sentido da arte. Em Memória há um encontro entre Rita e uma jovem judia, num cemitério israelita, no qual falam da relação com seus mortos e da preservação da memória. Em O Professor de História estamos em uma das muitas palestras ministradas por Rita, em sua trajetória. Nessa, porém, ela se depara com um professor de história que nega a existência do holocausto. A partir desse embate, a memória de Rita, já em processo de extremo desgaste a leva de volta à sua infância na Alemanha nazista, como num transporte. Em A Escolha, criamos uma metáfora sobra a escolha que Rita teve que fazer entre seu pai e sua mãe: aqui essa escolha aparece refletida em um teste de cinema, em que um ator tenta ser aprovado para um papel no filme da vida de Rita. No poema final, O Tempo os intérpretes se imaginam em algum outro tempo e espaço, a olhar para os dias de hoje, para a relação que se criou ao recontarem essa história e as reverberações possíveis em um mundo para o qual gostariam de estar caminhando.
Um olhar poético sobre a história de Rita Braun e a arrogância do ser humano.
De exercício de ensaio à criação artística

Diretor e dramaturgo Kiko Marques criou um espetáculo que vai além da vida da judia polonesa ao provocar toda a equipe, no processo de criação e ensaios. Nesse trabalho, todos contribuíram com suas memórias, vivências e pensamentos, gerando um vasto material que foi usado como disparador na criação das situações, personagens e falas ficcionais que compõem os poemas junto às histórias da vida de Rita. O desejo de Marques era provocar a identificação com o público. “A ideia era que o espectador se enxergasse na trama. Começamos pelas histórias individuais e elas foram servindo de inspiração à criação das cenas. A presença de cada um de nós nesse momento da criação talvez seja a contribuição mais sincera que podemos dar a essa história”, observa

O diretor e dramaturgo desejava fugir do relato, da denúncia, não porque não a sentisse necessária, mas porque, nesse momento em que vivemos, queria criar uma dança, um canto sobre a história de uma sobrevivente. Uma única vida em meio a mais de dez milhões de mortos. “Este canto fala de fraternidade, humanidade, alteridade, do cuidar do outro e da necessidade de se preservar a memória”, explica. Quando trabalha com dramaturgia e encenação, Kiko diz que as duas áreas caminham juntas. “Penso a dramaturgia a partir de uma ação poética e neste caso o texto foi sendo escrito no mesmo movimento da encenação.”

Encontro com Rita e memórias remexidas
O encontro com Rita Braun, na época já com pouca memória, contou com a interlocução de sua filha e chamou mais a atenção do grupo de artistas a energia da reunião que propriamente os fatos. “Uma senhora de 90 e poucos anos, ‘elegantérima’, de uma educação europeia, polidíssima, que nos recebeu lindamente em seu apartamento nos Jardins”, recorda Denise Weinberg.

Ao revirar as lembranças, Denise resgatou fatos da vida do pai, judeu, que, perseguido, emigrou da Romênia para o Brasil (“um salto mortal”), aos 14 anos, sem falar a lingual. “A provocação proposta por Kiko teve uma carga de emoção maior que propriamente a história de Rita Braun.” Foi doloroso para Denise lembrar que seu pai tinha saudades da mãe, do pai, da Romênia. “O refugiado fica com um buraco afetivo, um buraco geográfico, como uma criança abandonada”, elabora a atriz, que só entendeu este vazio com a morte do pai. Mesmo sendo difícil, Weinberg pontua a necessidade de falar desses assuntos “sem muito chororô”, com certa racionalidade. “Viver com os nossos antepassados mortos sem ficar na angústia do sofrimento, é fundamental. Assim como está sendo doloroso viver hoje em dia.

A atriz ressalta que é fundamental falar desses assuntos e lembrar o maior genocídio da história da humanidade no momento em que aumenta o número de grupos nazistas no País. “Estamos vivendo uma loucura armada, em um grande campo de concentração. O país e o mundo viraram um antro de maldades, perversidades, horror. Confesso que viver hoje é quase um exercício de sabedoria para não pirar”, conclui, citando uma frase que considera linda do texto: “Nós não podemos esquecer os mortos, temos de viver com eles, entre eles.”
A importância de lembrar para não esquecer.

Projeto Rita Braun Vive apresenta:

• Peça Teatral: Cinco Poemas para a Senhora R
• Reedição do livro de Rita Braun: Fragmentos de Uma Vida
• Palestras sobre inclusão social. Temas – Holocausto, LGBT+, Refugiados
• Exibição de filmes sobre o holocausto

Ficha técnica:

Idealização: Andréa Ravache e Celia Terpins. Dramaturgia: Kiko Marques. Direção geral: Kiko Marques. Assistente de Direção: Mateus Matilde Menezes. Direção de produção: Celia Terpins. Assistente de produção: Luana Fioli. Figurino, Visagismo e Cenário: Daniel Infantini. Design Artístico: Francisco Junior (Juhninho). Elenco confirmado: Denise Weinberg, Mauro Schames, Paula Ravache e o músico Bruno Menegatti. Criação de Luz: Adriana Dham. Assistente de Luz: Reynaldo Thomaz. Operação de Luz: Adriana Dham e Reynaldo Thomaz. Assessoria de Mídia Digital: Foyer Produções. Assessoria de Imprensa: Fernanda Teixeira /Arteplural. Assessoria e Consultoria Contábil: Hitoshi Nizhimoto.

 

Texto disponibilizado pela produção do espetáculo.

Detalhes da peça

Status

Encerrada

Temporada

De 03/05/2023 até 20/05/2023

Dias

qua a sex 20h, sáb 15h e 18h

Duração

80 minutos

Valor

Gratuito

Região

Centro / São Paulo

Teatro / Espaço

Oficina Cultural Oswald de Andrade
R. Três Rios, 363, Bom Retiro, São Paulo/SP - 01123001

Estacionamento

Nas redondezas

Cafeteria

Sim

Telefone

(11) 3222-2662

E-mail

oswalddeandrade@oficinasculturais.org.br

14

Classificação indicativa

Não apropriado para menores de 14 anos

Galeria de fotos
Fotos por Ronaldo Gutierrez
Compartilhar em

Inf Busca Peças

Data
Preço

Este website armazena cookies no seu computador. Esses cookies são usados para melhorar sua experiência no site e fornecer serviços personalizados para você, tanto no website, quanto em outras mídias. Para saber mais sobre os cookies que usamos, consulte nossa Política de Privacidade

Não rastrearemos suas informações quando você visitar nosso site, porém, para cumprir suas preferências, precisaremos usar apenas um pequeno cookie, para que você não seja solicitado a tomar essa decisão novamente.