Montagem, que rendeu a Clayton Nascimento os troféus de Melhor Ator nos prêmios Shell e APCA, integra a programação de inauguração do novo Teatro do Célia Helena Centro de Artes e Educação, com espetáculos gratuitos
Refazer a história do Brasil, tendo como ponto de partida as origens da discriminação racial e da popularização do xingamento “macaco”. Em síntese, esta é a proposta de Macacos, premiado solo concebido pelo ator Clayton Nascimento, que fará sessão única na programação que o Célia Helena Centro de Artes e Educação – uma das mais conceituadas escolas de teatro do país, dirigida por Lígia Cortez -, preparou em celebração ao seu aniversário de 45 anos e à inauguração de seu novo Teatro.
A montagem, que rendeu a Clayton Nascimento os prêmios de Melhor Ator no Prêmio Shell e no APCA, será apresentado no dia 16 de abril no Teatro do Célia. Importante ressaltar que Clayton tem uma ligação muito forte com a instituição. Foi lá que se formou como ator e onde atualmente é professor.
Assim, a encenação de Macacos reforça a proposta desta programação especial de inauguração do novo teatro, que é oferecer ao público a oportunidade de assistir a diferentes montagens no novo espaço multiuso, reservado para a encenação de espetáculos de alunos e de grupos itinerantes, que trazem em comum a trajetória de artistas que fizeram a história da instituição.
Macacos – De família piauiense, Clayton Nascimento cresceu no Jabaquara, ao lado da mãe manicure e do pai comerciante, que não conseguiam pagar os estudos do filho. Porém, devido à sua dedicação para o aprendizado e ao seu grande talento, o jovem artista foi agraciado com algumas bolsas de estudo, que auxiliaram em sua formação. Seu trabalho incessante o levou ao mestrado na Escola de Comunicação e Artes da USP, onde estudou educomunicação.
Em Macacos, Clayton Nascimento traz como inspiração a história de grandes personalidades negras, como Machado de Assis, Elza Soares e a cantora Bessie Smith. Além disso, a ator se inspira em suas próprias vivências, com destaque para um triste caso ocorrido em 2018, quando um casal o acusou de ter roubado um mercadinho e as pessoas ao redor se uniram para espanca-lo.
O preconceito contra os povos pretos é abordado em cena a partir do relato de um homem-preto que busca respostas para o racismo que rodeia seu cotidiano e a história de sua comunidade. A obra se desenrola num fluxo de pensamentos, desabafos e elucidações que surgem em cenas pautadas em nossa História Geral, como também em situações vividas por grandes artistas negros, até alcançar relatos e estatísticas de jovens negros presos e executados pela polícia militar no Brasil de ontem e de 2023.
FICHA TÉCNICA:
Interpretação, Direção e Dramaturgia: Clayton Nascimento
Direção Técnica/Iluminação: Danielle Meireles
Provocação Cênica: Ailton Graça
Direção de Movimento: Aninha Maria Miranda
Produção Geral: Ulisses Dias – Bará Produções
Produção Executiva: Corpo Rastreado