O PAI

Num cabaré decadente de uma cidade no litoral do Brasil, vivem Margarida Cumari e suas afilhadas, profissionais do entretenimento masculino adulto. Ela enfrenta os desafios de gerenciar uma casa noturna, ao mesmo tempo em que age como uma mãe para suas funcionárias: Violeta Malagueta (a empregada mais antiga da casa), Rosinha Dedo-de-Moça (largou o noivo rico no altar para poder viver a sua libido plenamente), Dália Caiena (aspirante à cantora de sucesso). Cumari esconde uma mágoa do passado sob o véu de altivez e beleza, mas um antigo amor aparece para tentar despetalar essa flor apimentada.

Entre madeiras, serras e ferramentas, uma encomenda nada usual é feita e Solange, a cliente, precisa convencer Pedro, o marceneiro, a levar tal projeto adiante. Os personagens aparam as próprias arestas, desbastam os excessos, traduzem sensações e silêncios enquanto o miado de Sybilla funciona como um chamado para que continuem atentos à sua missão: existir.

Em um embate radical com os cânones do teatro ocidental, Black Machine reinventa Hamlet e Ofélia numa peça pop. Ele é um Hamlet pós-colonial, atravessado por vozes de Frantz Fanon, Jean-Michel Basquiat, Aimé Césaire e Mano Brown. Ela é uma Ofélia insurgente, construída a partir de Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro e Erykah Badu.