Orientada pelo pensamento de Franz Fanon, montagem ‘Otelo, o Outro’ estreia no Sesc Santana
“Otelo, o Outro” representa um homem inventado como “negro” pelo olhar ocidental, um sujeito que se submete a esse olhar, tentando se integrar por inteiro – “de corpo e alma”, como se diz. O casamento com Desdêmona – uma mulher branca da elite – é a metáfora dessa entrega incondicional a um sistema de valores e a comportamentos que o estigmatizam como “o mouro”, ao mesmo tempo que se serve dele. A cegueira do ciúme é uma alegoria dessa apaixonada adesão. Sua corporeidade, portanto, é o índice e o limite que o separa irrevogável e irreversivelmente desse “Ocidente” que ele deseja literalmente incorporar. A releitura, porém, fala de uma consciência dividida que, aos poucos, mas não sem muita dor, vai percebendo a origem do conflito que a fustiga. Ela reflete também sobre os mecanismos que recalcam a ancestralidade inscrita no corpo, repugnada pela sociedade à qual o “mouro” aspira, caminhando para o desfecho trágico da morte – mas não da morte do corpo.
Ficha Técnica:
Concepção e produção geral: Kenan Bernardes
Dramaturgia: Israel Neto, Joaci Pereira Furtado e Kenan Bernardes
Encenação: Miguel Rocha
Elenco: Carlos de Niggro, Jefferson Matias e Kenan Bernardes
Designer de som e difusão sonora: João Paulo Nascimento
Consultoria idiomática: Hamza Abdul Karim
Direção e pesquisa de movimento e atuação: Erika Moura
Desenho de luz: Wagner Pinto
Produção de luz: Carina Tavares
Assistência de iluminação: Gabriel Greghi e Gabriela Cezário
Operação de luz: André Rodrigues
Cenografia: Julio Dojcsar
Cenotécnica: Helen Lucinda
Serralheiro: Fernado Lemos “Zito”
Figurinista: Silvana Marcondes
Adereços: Bru Fiamini
Costura: Atelier Judite de Lima
Voz off feminina: Ina
Orientação teórica da pesquisa: Deivison Nkosi
Fotografia: Julieta Bacchin
Arte gráfica: Murilo Thaveira
Vídeo: João Maria
Registro para as redes sociais: Talitha Senna
Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação
Produção executiva e contabilidade: Jussara Mendes