Espetáculo Só Riso – o arame, o palhaço e uma certa morte discute papel da arte e do artista como espelho da realidade.
Com dramaturgia de Claudia Schapira e dramaturgia cênica de Cibele Forjaz,
peça é encontro entre teatro, circo e musical. Tragicomédia usa da metalinguagem para contar a história do Palhaço Augusto e refletir sobre a efemeridade do teatro.
A história do espetáculo Só Riso – o arame, o palhaço e uma certa morte é marcada por encontros: entre o grupo de artistas criadores; entre os textos O Sorriso ao Pé da Escada, de Henry Miller, e O Funâmbulo, de Jean Genet; entre o real e o virtual; e entre o teatro, o circo e o musical. Todos eles formam uma história forte, que parte da discussão sobre o papel da arte e do artista como potente espelho da sociedade.
Trata-se de uma tragicomédia musicada protagonizada pelos atores Sergio Siviero e Gui Calzavara, com dramaturgia cênica de Cibele Forjaz e direção de produção de Danielle Cabral (DCARTE).
A peça conta a história do palhaço Augusto (personagem do texto Sorriso) e seu magistral número para a lua. Junto de Augusto (Sergio Siviero), está o homem-banda (Gui Calzavara) que faz as vezes ora de antagonista, ora de inspiração, ora de duplo do próprio Augusto. com quem o personagem está conectado nesta jornada. Ao longo dessa história, Augusto vai sendo atravessado por frestas que refletem pensamentos sobre a atualidade.
A música tem um papel importante no espetáculo, com letras compostas por Schapira, musicadas pelos diretores musicais Demian Pinto e Gui Calzavara, e cantadas e coreografadas em cena, principalmente nos números de picadeiro. Além disso, há a presença do homem-banda, que vai tocando e sampleando ao vivo no palco.
O trabalho diário de preparação corporal e direção de movimento conduzido por Luaa Gabanini teve uma participação estrutural e fundante na construção das figuras que se desdobram no espetáculo transitando entre os diferentes planos.
O espetáculo acontece em vários planos de atuação, conta Forjaz, como uma metalinguagem do próprio fazer artístico. “Tem o plano dos atores que acontece no meio do público, numa espécie de avanço do palco para a plateia e que será transmitido ao vivo pelo Instagram, como uma conversa ao pé do ouvido. Tem uma rampa que é uma espécie de fronteira entre o palco e a plateia; o proscênio, onde fica a banda e acontecem as cenas mais épicas, que se comunicam diretamente com a plateia; e, por fim, dentro do palco, onde fica o “picadeiro”, a cena dentro da cena, que começa vazia e vai se montando ao longo do espetáculo. Então, são muitos planos diferentes de realidade e a encenação transita entre eles de modo explicitamente teatral. Em cada um desses planos, uma forma de atuação diferente, uma relação com a plateia, uma linguagem de luz, figurino, cenografia, etc. A encenação acontece nesse trânsito entre planos e linguagens”, explica a responsável pela dramaturgia cênica.
A peça apresenta a transformação de indivíduos em atores, de atores em palhaços fora de cena, até encarnar o palhaço no picadeiro, com suas máscaras características. “A história aborda questões sobre a função do artista e o papel da arte, em tempos tão duros e desafiadores. De certa forma, todo mundo está refletindo sobre o próprio papel e a maneira de participar na construção destes novos tempos” diz a diretora Claudia Schapira.
Sergio Siviero, Claudia Schapira e Danielle Cabral trabalharam juntos por dois anos se debruçando sobre os textos de Miller e Genet e nas pesquisas realizadas por Siviero sobre o ator e a ideia do suicidado da sociedade. O contexto de pandemia – que paralisou tudo – lançou luz sobre a necessidade de perceber as urgências e o questionamento do nosso lugar no mundo.
A dramaturgia quer provocar o espectador a se reconhecer na história, se ver diante das questões trazidas à luz da cena pelo palhaço. Se enxergar em sentimentos muitas vezes rechaçados socialmente. “A maneira como a gente conta essa história está implicada com a realidade. Colocamos a narrativa na voz desses palhaços, desses bufões que falam do nosso ridículo, que falam da nossa vergonha, daquele lugar que às vezes evitamos explicitar. O palhaço é uma máscara que tem a licença de dizer verdades, deflagrar disfarces camuflados pela cordialidade”, pontua a diretora.
O grupo nomeia o espetáculo de tragicomédia musicada justamente por fazer um trânsito entre linguagens artísticas, que busca a cumplicidade e a empatia da plateia. “O público ri e se emociona, embarca no lirismo dos palhaços e ao mesmo tempo reflete junto com os atores sobre a realidade e as dificuldades específicas de nosso momento histórico, pós-pandemia. Venham ver a peça, é dessas que dá para rir e chorar ao mesmo tempo”, complementa Forjaz.
Ficha técnica:
Dramaturgia inédita de Claudia Schapira, livremente inspirada nos textos: O Sorriso Ao Pé Da Escada (HENRY MILLER) e Funâmbulo (JEAN GENET). Dramaturgia Cênica: Cibele Forjaz. Direção Geral: Claudia Schapira. Com Gui Calzavara e Sergio Siviero. Direção de Movimento e Preparação Corporal: Luaa Gabanini. Vídeo Arte: Vic Von Poser. Cenografia: Marisa Bentivegna. Assistente de Cenografia: Cezar Renzi. Direção Musical: Demian Pinto e Gui Calzavara. Luz: Cibele Forjaz. Figurino: Claudia Schapira. Consultoria de Palhaço: Cristiane-Paoli Quito. Desenho e Treinamento de spoken word: Roberta Estrela D’alva. Projeto gráfico: Daniel Minchoni. Visagismo: Leopoldo Pacheco. Fotos: Manoela Rabinovitch. Produção Musical: Gabriel Hernandes. Assistente de Cenografia: Cezar Renzi. Costureira: Cleuza Amaro da Silva Barbosa. Aderecistas (Maquete do circo): Samara Pavlova e Nathalia Campos. Cenotécnicos: Edilson Quina (Urso), Cíntia Matos, Edson Quina e Paulo Miguel Filho. Assistente de Produção: Giovana Carneiro. Produtor de campo: José Renato Forner. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli. Direção de Produção e coordenação de projetos: Danielle Cabral. Produção Geral: DCARTE. Administração e Gestão: EXEDRA. Apoio: Casa Livre. Idealização: Sergio Siviero e Claudia Schapira. Realização SESC SP.
Não haverá espetáculo dia 7/4 feriado.
Sessão para escolares no dia 13/4, às 20h.