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Teatro Não É Cultura

Coluna Por Oswaldo Mendes

Desolador o que se falou sobre Teatro na morte de Zé Celso, até em ditos canais progressistas do YouTube. Ao corajoso depoimento de Marcelo Drummond ao jornalista Mário Vítor, em “Forças do Brasil” no canal 247, contrapôs-se um festival de besteira, lugar-comum e desinformação sobre o teatro, sua história e sua gente.

Por que pessoas respeitáveis sentem-se obrigadas a falar e opinar sobre assuntos dos quais não têm ideia?

Um, ao ouvir Guarnieri, apressou-se a mostrar verniz de erudição perguntando “é o Camargo?”. Não sabia de um tal Gianfrancesco.

Já Procópio Ferreira fazia esquetes cômicas e foi pai de uma atriz interessante que cantava. Só faltou dizer que fazia standup.

Outro, diante do nome Flávio Rangel, não foi modesto na ignorância: “esse nem sei quem é”. Pra lembrar o nome de Sérgio Cardoso, que não por acaso é nome de teatro em São Paulo, foi um esforço constrangedor.

Se nem jornalistas e youtubers, militantes das urgentes causas nacionais, “influencers” (?), sabem o que aconteceu pelo menos nos palcos paulistas e cariocas na história recente, que esperança resta para o Teatro?

Está na hora de sair da frente das telinhas e descobrir que há vida aqui fora.

Último encotro de Oswaldo Mendes, a direita, e Zé Celso, a esquerda, em agosto de 2022, no Teatro Paulo Autran – Sesc – Foto: Acervo Pessoal

Porque, infelizmente, teatro exige olho no olho, cara a cara, presença física, enfim. Isso que vocês assistem em suas casas pode até parecer, mas não é teatro.

Pois é, meu caro Zé, como você sempre acreditou o Teatro continuará resistindo, mesmo que quebrem todas as paredes e todos os palcos. Porque é da sua natureza, é da natureza humana. Perseverar, apesar da ignorância, do caos e da escuridão.

Teatro não é cultura. É contracultura.

Nota: As informações e opiniões contidas neste artigo são de inteira responsabilidade de seu/sua autor(a), cujo texto não reflete, necessariamente, a opinião do INFOTEATRO.

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Sobre
Oswaldo Mendes

Oswaldo Mendes

Oswaldo Mendes, ator e autor de teatro, formado pela EAD, Escola de Arte Dramática de São Paulo em 1971. Jornalista até 1992, cofundador da Associação Paulista de Críticos de Arte, APCA, trabalhou nos jornais Última Hora e Folha de São Paulo. Prêmio Jabuti por "Bendito Maldito - Uma biografia de Plínio Marcos" (Editora Leya). Como autor, escreveu diversas peças como, "Brecht segundo Brecht", "Revista do Henfil", "A dança do universo" entre outras.

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