Festival Yesu Luso chega a sua quarta edição em maio no Sesc 14 Bis
Depois de uma espera de seis anos, o festival “Yesu Luso – Teatro e Outras Expressões Lusófonas” ganha sua 4ª edição em São Paulo no Sesc 14 Bis, entre os dias 22 e 31 de maio. A programação conta com três espetáculos e dois bate-papos e tem o tema “Oralidade e Expressão Oral”. Com curadoria da atriz brasileira Arieta Corrêa e do produtor português Pedro Santos, o Yesu Luso surgiu em 2015, na forma de um projeto-piloto no Sesc Bom Retiro, e sua última edição aconteceu em 2018, com apresentações sempre lotadas. Desde então, os idealizadores têm lutado para tornar o festival uma programação permanente na cidade.
O nome do evento é derivado de um dialeto moçambicano, no qual o termo “yesu” significa “nosso”;
já a palavra “luso” é usada em referência ao próprio idioma. E o tema da atual edição vem justamente
ressaltar essa questão da oralidade que promove uma verdadeira união solidária entre todos os falantes
da mesma língua. É o que propõe a Profª Dra. Nilza Laice, da Escola de Comunicação e Artes (ECA-USP), natural de Moçambique, no texto-manifesto da edição: “Quando combinadas, a oratória e as artes se tornam um veículo poderoso para transmitir mensagens de solidariedade. Canções, peças teatrais,
pinturas e outras formas artísticas possuem a capacidade intrínseca de despertar empatia, provocar reflexões e instigar ação. Elas transcendem as limitações da linguagem verbal, atingindo um nível emocional mais profundo, e oferecem uma plataforma para a expressão coletiva de ideias solidárias e a busca por soluções colaborativas para questões sociais”, explica a pesquisadora sobre o tema do festival.
Programação:
O Telhado do Mundo (Angola e Portugal)
Sinopse: Este espetáculo é o encontro de três linguagens que se entrelaçam para nos contar uma
história. Construção em tempo real de uma narrativa desdobrada em três dimensões – escrita,
desenhada e tocada – seguindo uma estrutura prévia, mas aberta a todas as ocorrências no seu
desenrolar. Jogo de tema e variação, contraponto e cumplicidade. Uma reunião de três criadores
premiados, e só a título de exemplo, Ondjaki, foi vencedor do Prémio Saramago em 2013, com Os
Transparentes; Filipe Raposo, recebeu o Prémio Fundação Amália Rodrigues para o seu primeiro disco
First Falls; e António Jorge Gonçalves, Prémio Nacional de Ilustração 2014 com o livro Uma Escuridão
Bonita.
Quando: 22 e 23 de maio, às 20h
Classificação: livre
Ficha Técnica:
Ondjaki: Texto | Filipe Raposo: Piano | António Jorge Gonçalvez: desenho
Conversa com Ondjaki e Cristiane Sobral
Quando: 23 de maio, às 15h
Ondjaki nasceu em Luanda em 1977. É licenciado em Sociologia pelo ISCTE (Portugal) e doutorado em
Estudos Africanos (L’Orientale, Napoli/Itália). Prosador e poeta, também escreve para cinema. É
membro da União dos Escritores Angolanos. Recebeu os prémios Sagrada Esperança (Angola, 2004);
Conto – A.P.E. (Portugal, 2007); FNLIJ (Brasil, 2010 & 2014); JABUTI juvenil (Brasil, 2010); prémio José Saramago (Portugal, 2013) e prémio Littérature-Monde (França, 2016) com o livro “Os Transparentes”. Está traduzido para francês, espanhol, italiano, alemão, inglês, sérvio e sueco. Ocasionalmente, é professor de escrita criativa.
Cristiane Sobral – Carioca e vive em Brasília. Escritora, atriz, dramaturga e professora de teatro. Bacharel e Licenciada em Interpretação e Mestre em Artes (UnB). Publicou em diversas antologias nacionais e internacionais. Já palestrou e ministrou oficinas em Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, África do Sul, Estados Unidos, Colômbia e Equador. Tem 11 livros publicados, o mais recente “Caixa Preta”, contos, ed. Me Pariô SP (2023). Dirigiu o grupo de teatro Cabeça Feita por 17 anos. Em 2019 palestrou sobre literatura negra em nove universidades estadunidenses, inclusive Harvard. Nesse mesmo ano, foi jurada do Prêmio Jabuti, categoria de contos. Em 2019 estreou Esperando Zumbi, espetáculo teatral que fez temporada no Brasil e Moçambique em 2019. Em 2022 participou como dramaturga formadora do Ciclo de Dramaturgia, CPT-SESC – SP.
Nas Mãos de Deus (Moçambique)
Nas Mãos de Deus, é uma história sobre espiritualidade, hábitos e costumes de um povo. Toda essa
miscelânea de mistérios, personificam-se no corpo de Alice Mazume, uma mulher que inesperadamente
recebe visita dos espíritos dos seus antepassados, em forma de vozes. Para livrar-se destes, decide
consultar vários profissionais como médico tradicional, psicólogo, espíritas, mas de nada adianta.
Quando: 25 e 26 de maio, no sábado, às 20h, e no domingo, às 18h
Classificação: Livre
Ficha Técnica
Adaptação: Lucrécia Paco | Texto original: Paulina Chiziane e Maria do Carmo Silva | Direção: Lucrécia
Paco | Elenco: Angelina Chavango, Eunice Mandlat e Fermina da Neta | Músicos – Celso Durão, Cristalino Manjate | Filmagem e edição – Grande Homem TVM
Conversa/palestra com Dra. Nilza Laice (Moçambique)
Tema: “Literaturas africanas e a estética matrilinear”.
Quando: a definir
Dra Nilza Laice: Professora da Escola de Comunicação e Artes (ECA) – departamento de Teatro da
Universidade Eduardo Mondlane (UEM-Moçambique), Doutora em Literatura (2022) pela Universidade
de Brasília (UnB). Licenciada em Teatro pela Universidade Eduardo Mondlane (2011). Membro do grupo de pesquisa Mayombe: Literatura, História e Sociedade (UnB); do Núcleo de Escritoras Pretas: Maria Firmina dos Reis do Instituto de Letras da Universidade de Brasília e do LadCor: Laboratório de
Dramaturgia do Corpo da Escola de Comunicação e Artes (USP). Desenvolve pesquisas no âmbito de
estudos interdisciplinares das relações entre literatura, história, política, feminismo negro, estudos de
gênero e colonialidade, tendo como corpus de investigação estudos de gênero, interssecionalidade e
colonialidade nas artes em Moçambique, África e Áfricadiaspórica. Mãe de três meninas, ativista
social e artesã.
Civilizado (Guiné-Bissau)
Sinopse: “Confuso” é um nome “falante”, correspondente ao cidadão em conflito com o sistema social
e vice-versa. Neste monólogo, há a tentativa de descoberta do mistério que é existir, e ser/estar
“Confuso” tendo apenas como meio de expressão a Performance Teatral. O objeto escolhido para
constar em palco, é uma palmeira, identificadora de um território e, consequentemente, de uma origem,
um signo da terra. Monólogo autobiográfico do ator Atcho Express, retratando a sua infância e juventude na Guiné-Bissau. Um retrato realista da vida naquele país.
Quando: 30 e 31 de maio, quinta-feira, às 18h e sexta-feira, às 20h
Duração: 95 minutos
Classificação: 14 anos
Ficha Técnica:
Autor do texto: Atcho Express | Produção: Atores Associados | Encenadores: Atcho Express | Técnico
de Som e Luz: Iano Camará | Desenho de Luz: Klemente Tzamba | Voz off: André Mendes (Lagartixa
Mpasmadu) |Cenário: Atcho Express/Pape di nha rasa, Ector Cassama, Edsom Ferreira | Música: Mû
Mbana