Sinopse
A peça foi escrita 20 anos após o final da ditadura Argentina, num momento de grande crise econômica do país, e nos remete às diversas consequências desse regime, como o horror das crianças “tiradas” dos seus pais militantes e dadas em adoção para outras famílias. No texto, uma dessas possíveis crianças seria a personagem Lucera, que busca encontrar pistas para juntar as lembranças de sua infância mais remota, e assim tentar entender as ausências que sente. Como se sua história tivesse sido apagada, arrancada de maneira brutal, e metaforicamente como se o continente todo carregasse tal carma para sempre.
Ausências, lapsos, diálogos entrecortados: todas as personagens da peça, cada uma a seu modo, coexistem nesse mundo colapsado. E respondem a ele com a linguagem premente do presente: a violência.
Mulheres Sonharam Cavalos desvela a violência que permeia o cotidiano, incrustada de tal forma em nossas vidas e relações intersociais, que não discernimos mais de onde vem, apesar de que a sentimos pulsar constantemente, como bombas prestes a explodir.
Historicamente, todavia, sabemos que a ultraviolência é a marca maior do processo de colonização da América Latina, e igualmente das ditaduras militares que nos assolaram e ainda assolam, e, portanto, desde então marcam nossos corpos, nossas almas e nossas atitudes; atitudes essas que seguem se repetindo em looping na montanha russa da história.
No espetáculo vemos um jantar em família. Três irmãos em rotas de colisão desiguais; suas esposas, cada uma à sua maneira estrangeira a esse núcleo masculino. Um encontro desencontrado no tempo, que revela, no limite tênue das relações, uma explosão de memórias soterradas, de marcas invisíveis, das mágoas que carregamos.
Direção
Malú Bazán
Ficha Técnica Completa
Anna Toledo, Erica Montanheiro, Rita Pisano, Bruno Perillo, Gustavo Trestini e Haroldo Miklos.