Sucesso de público e crítica, O Aniversário de Jean Lucca faz nova temporada no Complexo Cultural Funarte SP a partir de março. Com texto, direção e canções originais de Dan Nakagawa, o espetáculo é um “quase” musical com estética do Teatro do Absurdo.
O compositor e dramaturgo Dan Nakagawa, que figura entre os novos diretores da cena teatral paulistana atual, estreou em 2019 o terceiro espetáculo de sua carreira, O Aniversário de Jean Lucca, definido por ele mesmo como um “quase” musical do Teatro do Absurdo. Agora, a montagem ganha uma nova temporada no Complexo Cultural Funarte SP.
Com forte influência da dramaturgia de Samuel Beckett, Matéi Visniec e Eugène Ionesco, a peça narra os preparativos da festa de aniversário do menino Jean Lucca, filho único de um casal que mora em um luxuoso condomínio nos arredores de São Paulo. Essa criança nunca é vista na peça e sobre ela pouco se sabe, nem mesmo a sua idade ou aparência física. Assim a presença dele se faz pela sua constante ausência.
O enredo se passa durante o fragmento de tempo correspondente aos preparativos da festa até seu início. Nesse ínterim, a Babá e todas as pessoas que vão chegando na casa-bolha dessa família se mostram uma ameaça na vida desse casal, gerando ora uma paranoia excessiva, ora uma profunda apatia. A encenação fala sobre os muros visíveis e invisíveis, físicos e subjetivos que nos cercam, gerando incômodo frente a marginalização, segregação, apatia social, indiferença e a paranoia.
O texto nasce em consonância com estudos do psicanalista e professor paulistano Christian Dunker sobre o conceito de “Cultura da Indiferença”. Segundo o estudioso, tal cultura se desenvolve no interior de uma sociedade normatizante, branca e heteronormativa que nega, por meio da indiferença, as diversidades individuais, erguendo barreiras para anular essas subjetividades. Assim, transformamos o nosso entorno em uma bolha de iguais e, portanto, narcisista, onde tudo que se quer ver em um mundo previsível é a si mesmo e não o outro.
A canção brasileira é um forte traço da linguagem cênica do diretor e compositor, que já teve três de suas canções gravadas em álbuns de Ney Matogrosso. A última delas, “O Inominável”, foi composta para o último espetáculo de Nakagawa, “Normalopatas”.
Sinopse
Ficha Técnica:
Dramaturgia, direção e composição de trilha original: Dan Nakagawa
Elenco: Adriane Hintze, Alef Barros, André Vilé, Dagoberto Macedo, Elisete Santos, Felipe Tercetto, Igor Mo, Juliane Maria, Vivian Valente
Provocadores: Ney Matogrosso e Christian Dunker
Cenógrafo: J.C. Serroni
Iluminação: Amanda Amaral
Figurino: Alex Leandro e Victoria Moliterno
Sonoplastia: Andre Vilé, Tatiana Polistchuk, Ju Navarro e Lucas F. Paiva
Coreografia: Patrícia Bergantin
Fotógrafo: Milena Aurea
Maquiagem: Tatiana Polistchuk
Assistência de direção e dramaturgismo: Lucas Vanatt
Técnica de luz: Pipe Oliveira
Técnico de som: Lucas F. Paiva
Produção Executiva: Rick Nagash
Produção: Anayan Moretto