Idealizado pelas artistas Beatriz Belintani e Camila Couto SÓS: ao cair de mim morrerei vivendo tem sessões virtuais de espetáculo, lançamento de podcast com 15 episódios, webinário e uma oficina presencial de dramaturgia.
O conceito de dramaturgia expandida, no qual o texto não está no centro da encenação e se torna, somado a outros impulsos artísticos, mais um elemento de jogo e de composição cênica para a criação de um acontecimento teatral, é o ponto de partida do projeto SÓS: ao cair de mim morrerei vivendo, da Cia. Queda Livre. Durante os meses de março e abril as artistas Beatriz Belintani e Camila Couto apostam em uma série de ações com o objetivo de debater e colocar em foco a ideia de dramaturgia expandida.
As atividades tem início no dia 11 de março, sábado, com as apresentações virtuais e gratuitas do espetáculo SÓS: ao cair de mim morrerei vivendo, que dá nome ao projeto. Com direção e dramaturgia de Beatriz Belintani, que integra também o elenco ao lado de Lilian Alves, Oliver Olívia e Rodrigo Odone, a montagem estará disponível até 30 de abril no YouTube da Cia. Queda Livre.
Em SÓS: ao cair de mim morrerei vivendo, três personagens se encontram presos em uma sala de videoconferência – não conseguem sair dela e, em seguida, descobrem que também não conseguem sair de suas casas. Além disso, todas as redes de comunicação foram cortadas (exceto a videoconferência), então eles só têm uns aos outros para se comunicarem. As personagens não têm nomes, são chamadas pelos números 0506, 1103, 1310 e 1511 (ou Caos), sendo esta última a própria escritora da história e diretora da peça em cena que provoca e questiona as demais até elas não conseguirem mais sustentar a imagem que construíram de si mesmas.
Dramaturgia expandida
A dramaturgia da peça, exibida em 2021, virou livro publicado pela editora La Lettre. Além do próprio texto, a dramaturgia sonora criada por Camila Couto durante o processo de montagem da peça, também está disponível. Para isso, foram criadas e produzidas cápsulas sonoras que podem ser ouvidas junto com a leitura, ao mesmo tempo. No livro, há um link que dá acesso às faixas.
Para Beatriz Belintani o texto teatral está muito além das falas e rubricas, pois apresenta uma materialidade poética e deve trazer mais perguntas do que respostas. “O texto não é soberano em uma montagem, é só mais um material que se soma ao corpo dos atores, a composição sonora, a iluminação e a cenografia. São cruzamentos com subjetividades próprias e que propõem novas imagens e sentidos múltiplos ao acontecimento teatral.”, explica ela.
Já para Camila Couto, o conceito de dramaturgia expandida, caminha com à ideia de que a própria natureza do teatro é polifônica, conforme a expressão utilizada pelo professor e pesquisador Ernani Maletta. “Desta forma, minha pesquisa com dramaturgia sonora também percorre a via da narrativa, da construção de sentidos e provocação de sensações. A presença sonora atua como um elemento dramatúrgico, operando com parâmetros de espaço e tempo, densidade e velocidade; ora revelando paisagens sonoras, ora construindo camadas internas das personagens, ora manifestando emoções de quem assiste, lê ou escuta”, pontua Camila.
Podcast, webinário e oficina
O projeto SÓS: ao cair de mim morrerei vivendo conta ainda com um podcast, onde as artistas Beatriz Belintani e Camila Couto conversam sobre o conceito de dramaturgia de forma expandida no teatro contemporâneo. Dividido em 15 episódios com 5 a 10 minutos cada um, a série estreia dia 13 de março, segunda-feira, no Spotify, e segue sempre com dois novos capítulos semanais.
Nos dias 15, 23 e 29 de março, sempre às 19h, acontece o webinário Poéticas da Travessia. Com a ideia de ampliar as discussões provocadas pela montagem de SÓS: ao cair de mim morrerei vivendo, Beatriz Belintani e Camila Couto convidam a dramaturga, pesquisadora e professora Ligia Souza (dia 15), a escritora Aline Bei (dia 23) e a cantora, compositora e uma das principais vozes da música pop contemporânea da Amazônia Aíla (dia 29) para conversarem sobre a arte como território de atravessamento em diferentes linguagens (e entre linguagens), a partir da relação entre ética e estética na criação e cultivo de micropolíticas de diálogo e afeto. As inscrições são gratuitas pela plataforma Sympla [sympla.com.br/produtor/ciaquedalivre].
Encerrando o projeto, acontece de 5 a 26 de abril, quartas-feiras, às 19h, na Oficina Cultural Oswald de Andrade a oficina de dramaturgia Escri(a)turas Poéticas: Dramaturgia em Desvio com condução de Beatriz Belintani. Transitando entre a teoria e a prática, a oficina propõe dar ferramentas para o processo de escritas poéticas na cena teatral contemporânea, a partir da relação entre ética e estética e do desvio do texto como função principal da cena para se tornar mais um elemento de jogo e, assim, contribuir para criação de imagens e atmosferas.
Sobre Beatriz Belintani
Artista e pesquisadora em teatro, performance, dança, música e vídeo. Bacharel em Comunicação Social e Marketing pela FAAP e Técnica em Atuação pela SP Escola de Teatro. Transita entre as áreas de atuação, dramaturgia, direção e produção desde 2013 e dá aulas de teatro desde 2017. Dedica-se à criação, pesquisa e prática nas artes cênicas contemporâneas a partir da relação entre estética e política. Entre seus trabalhos mais recentes estão: a criação e execução da edição e montagem da experiência cênico-performativa audiovisual ExperimentosSelvagens.br (2020, direção de Fabiana Monsalú); concepção e atuação do curta-metragem SÓS (2020, Cia. Queda Livre); concepção, direção geral, dramaturgia e atuação da experiência cênico-cinematográfica SÓS: Ao cair de mim morrerei vivendo (2021/2022, Cia. Queda Livre); assistência de direção e de dramaturgia do acontecimento performativo sensorial Fim de Festa: Um mergulho para remixar a realidade (2021/2022, CompanhiaDaNãoFicção com direção de Fabiana Monsalú). Em 2022 fez parte da curadoria do AMOREIRAS – 1º Festival LGBTQIA+ do Vale do Paraíba e publicou a dramaturgia de SÓS: ao cair de mim morrerei vivendo como uma experiência de leitura-escuta, pela editora La Lettre.
Sobre Camila Couto
Artista sonora, performer, compositora e produtora musical. Formada em Artes Cênicas pela Universidade Estadual do Paraná, trabalha com música no campo do teatro e audiovisual desde 2009. Artista sonora autodidata, atua na criação de trilhas sonoras originais e no desenvolvimento de dramaturgias sonoras, onde entende o som como um elemento extremamente narrativo nas obras. Dedica-se à criação de trabalhos artísticos tendo a perspectiva queer e de gênero como fios condutores da sua pesquisa. Dentre seus principais trabalhos, destacam-se: trilha sonora original para a peça Senhora X, Senhorita Y, dirigida por Silvana Garcia; para a peça A Doença do Outro, de Ronaldo Serruya; trilha para o curta Elas, de Juliana Yurk; trilha e direção musical da peça Betta Splendens, de Tatiana Ribeiro; trilha para o curta A falta de…, de Sol Faganello; além da criação de cápsulas sonoras e dramaturgia sonora, para a peça e livro SÓS: ao cair de mim morrerei vivendo, de Beatriz Belintani.
Espetáculo
Disponível no YouTube da Cia. Queda Livre: https://www.youtube.com/ciaquedalivre
Concepção, dramaturgia e direção: Beatriz Belintani | Elenco: Beatriz Belintani, Lilian Alves, Oliver Olívia e Rodrigo Odone | Orientação de direção e atuação: Fabiana Monsalú | Orientação de dramaturgia: Gilvan Balbino | Dramaturgia sonora: Camila Couto | Criação de luz: Maristella Pinheiro | Espaço cênico: Italo Iago | Operação de transmissão: Sol Faganello.
Podcast Dramaturgia Expandida
15 episódios – 5 a 10 minutos cada.
Estreia dia 13 de março no Spotify (episódios novos toda semana).
Concepção, roteiro e apresentação: Beatriz Belintani e Camila Couto | Gravação: VP Estúdios | Técnico de gravação: Vinícius Peixoto | Assistente de gravação: Felipe Antonoli | Trilha sonora, mixagem e masterização: Camila Couto.
Webinário Poéticas da Travessia
Inscrições gratuitas pelo Sympla [sympla.com.br/produtor/ciaquedalivre].
Dia 15 de março, quarta-feira, 19h – Ligia Souza (dramaturga, pesquisadora e professora).
Dia 23 de março, quinta-feira, 19h – Aline Bei (escritora).
Dia 29 de março, quarta-feira, 19h – Aíla (cantora, compositora e uma das principais vozes da música pop contemporânea da Amazônia).
Oficina de dramaturgia Escri(a)turas Poéticas: Dramaturgia em Desvio
Com Beatriz Belintani.
De 5 a 26 de abril, quartas-feiras, às 19h.
Oficina Cultural Oswald de Andrade – Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro, São Paulo.
Inscrições gratuitas pelo site www.oficinasculturais.org.br.