GRUPO PANO LEVA AO PALCO MANIFESTO SOBRE O ATO DE ESPERANÇAR
“(…) Esperança do verbo esperar não é
esperança, é espera. Esperançar é se levantar,
esperançar é ir atrás, esperançar é construir,
esperançar é não desistir! Esperançar é
levar adiante, esperançar é juntar-se com
outros para fazer de outro modo…”
Paulo Freire
Foi enquanto eu esperava a encomenda de um livro de Maiakóvski que tive uma epifania sobre a Revolução mescla filosofia, política, sátira e teatro do absurdo.
O novo espetáculo do Grupo Pano – que contou com temporada de estreia com sessões esgotadas em outubro de 2022 – está de volta aos palcos, desta vez no CCSP – Centro Cultural São Paulo, a partir de 16 de março. Com dramaturgia e direção de Caio Silviano, Foi enquanto eu esperava a encomenda de um livro de Maiakóvski que tive uma epifania sobre a Revolução, é uma montagem autoral que fala, de maneira cômica, absurda e poética, sobre a falta de ação efetiva para transformação o mundo.
Com realização e produção do próprio grupo, que tem no elenco Alice Guêga, Amanda Quintero, Bernardo Bibancos, Cecília Barros, Henrique Reis, Juliano Veríssimo e Rafael Érnica, Foi enquanto eu esperava a encomenda de um livro de Maiakóvski que tive uma epifania sobre a Revolução, gira em torno de quatro camaradas entocados numa célula revolucionária arquitetando uma estratégia para a efetiva democratização da capital do país. Após um longo planejamento, percebem que falta algo muito importante para dar o pontapé inicial: a inspiração. Decididos de que a falta dela é o que impossibilita a realização do plano, encomendam um livro do poeta revolucionário Vladimir Maiakóvski e ficam no aguardo da entrega, confiantes de que somente com esta chegada, todo o plano será um sucesso.
A ideia do texto e concepção do espetáculo partiu de uma experiência real do diretor que, ainda durante a pandemia, se viu ansioso a espera por um livro de Maiakóvski que havia comprado pela internet. “Enquanto aguardava a encomenda, com o passar dos dias reparei nessa possibilidade de discutir a ideia de que a inspiração e a esperança podem ser elementos imobilizadores. Assim, me debrucei sobre o fato e mergulhei no processo que me trouxe a este ponto, de que não é tempo de esperar, e sim de fazer, de realizar”, conta Silviano.
Sátira cômica e musical
A peça conta com uma mistura de texturas e linguagens populares, trazendo elementos de palhaçaria e bufonaria, músicas autorais ao vivo executadas pelos atores e atrizes da companhia.
Foi enquanto eu esperava a encomenda de um livro de Maiakóvski que tive uma epifania sobre a Revolução é uma sátira, cômica e musical, que busca alertar o público a não perder mais tempo aguardando um “mundo melhor” e critica a realidade que perambula apenas no campo das ideias. “Não se trata de uma crítica ao fazer revolucionário, mas sim uma evidência patética do ato de esperança, que acaba se convertendo mais em espera, do que em ação”, explica Caio.
“Viver no Brasil contemporâneo pede mobilização e mudança da atitude em relação ao fazer político, além da construção de uma sociedade mais humanizada – independente de saber no plano das ideias as opções de mobilização. Os tempos sufocantes do país não irão esperar a inspiração dos conscientes, mas ao contrário, continuarão a caminhar por uma via sem obstáculos”, completa.
Sobre o Grupo Pano (@grupopano)
Grupo paulistano criado em 2017, o Pano desenvolve desde o início sua metodologia de trabalho a partir de estudos teóricos, com textos que embasam desde o trabalho do ator, até os fundamentos sociológicos do fenômeno teatral – e práticos. A partir dessas discussões teóricas, produz seu conteúdo dramatúrgico. Seu primeiro espetáculo Pano. Fim. (2019) passou por dois anos de processo e pesquisa e esteve em cartaz em São Paulo. Em 2020, já durante a pandemia, o grupo desenvolveu o Passando Pano (2020), um programa na rádio online Radiocraciajá (posterior Radiola Livre), uma sátira feita partindo do princípio do compromisso com o fracasso risível e tropicadas cênicas. Para o ano seguinte, Ocaso (2021) foi o projeto que resultou em seis vídeos (+3 mil visualizações) criados a partir de pesquisa audiovisual que se une à linguagem das máscaras larvárias e expressivas inteiras, fazendo um retrato de personagens que, sem seu espaço teatral, perambulam pelo cotidiano realista misturando camadas da realidade.
Ficha Técnica:
Dramaturgia e Direção – Caio Silviano. Elenco – Alice Guêga, Amanda Quintero, Bernardo Bibancos, Cecília Barros, Henrique Reis, Juliano Veríssimo e Rafael Érnica. Direção de Arte – Cecília Barros. Iluminação – Lui Seixas. Operador de Luz – Bruno Camargo. Adereços – Amanda Quintero e Bruno Britto Chiomento. Máscaras – Rafael Érnica. Trilha Sonora e Música – Grupo Pano. Design Gráfico – Cecília Barros. Fotos – Vinicius Aguiar e Everson Verdião. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Produção Geral – Grupo Pano. Produção Executiva – Bruno Britto. Realização – Grupo Pano.