Monólogo inspirado no premiado livro ‘O Peso do Pássaro Morto’ de Aline Bei direção de Nelson Baskerville com a atriz Helena Cerello.
“A peça O peso do pássaro morto conta com delicadeza e coragem uma história que merece (e deve) ser ouvida, pois não se sabe quantas pessoas carregam, em silêncio, o peso morto de uma existência sem afeto.” – Taynã Olympia, Revista Continente
Espetáculo teatral, adaptação do livro de Aline Bei (mais de 20 mil exemplares vendidos e na lista dos best-sellers da Nielsen PublishNews), O Peso do Pássaro Morto estreou presencialmente em São Paulo, em maio de 2022 e a partir de então, faz apresentações presenciais em turnê pelo Brasil.
Com idealização e atuação de Helena Cerello, direção de Nelson Baskerville e música original de Dan Maia, a história trata de perdas na vida de uma mulher dos 8 aos 52 anos. Sustentada por um cabo invisível, a atriz utiliza a técnica de dança, na encenação ao vivo do espetáculo.
Adaptação teatral de O Peso do Pássaro Morto, de Aline Bei, obra vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura de 2018, foi encenada pela primeira vez ao vivo, no Teatro do Espaço Parlapatões, em São Paulo.
A peça teve temporadas online, durante toda a pandemia, quando atriz e diretor tomaram a atitude de desafiar novas formas estéticas e experimentaram criar uma possibilidade de teatro para a internet.
A versão teatral presencial segue o texto original da autora, e contém parte desse material, com qualidade cinematográfica, projetada no palco, com as devidas adaptações de encenação, propostas pelo diretor Nelson Baskerville, para a interpretação ao vivo da atriz Helena Cerello.
O enredo leva o leitor a acompanhar como a criança lida com a morte, uma adolescente com a violência sexual e a maternidade solo, e como uma adulta encara as perdas e a solidão.
Helena e Nelson optaram por dar voz à menina da infância à idade adulta e conceberam a montagem com cenas ao vivo e pré-filmadas. No caso das cenas ao vivo, no espetáculo elas serão interpretadas no palco. E as cenas filmadas, que foram captadas pela própria
atriz, retratando a personagem narradora na adolescência, darão à experiência cênica, também um caráter audiovisual.
Com duração de 1 hora, a criação conta com o trabalho do músico e autor da trilha sonora original Dan Maia, atuando também como sonoplasta e editor de imagens, presentes nas projeções.
Experimento cênico audiovisual
A companhia VADABORDO assina a realização da peça. Formada por Helena Cerello e pelo ator e palhaço Raul Barretto (responsável pela coordenação de produção do atual trabalho), a companhia cria obras híbridas. O solo O Peso do Pássaro Morto segue esse conceito de mistura de linguagens.
O romance de Aline Bei também contém traços de hibridismo ao transitar pela prosa e a poesia, com forte vocação para uma adaptação dramatúrgica. “Assim como o livro, o espetáculo também se caracteriza como algo inevitavelmente híbrido, uma experiência cênica audiovisual”, comenta o diretor.
Algumas técnicas do universo circense, como o ilusionismo e manobras aéreas, foram adaptadas para o ambiente cênico. “Usamos estes recursos na narrativa para evocar imagens de leveza, voo e transposição da gravidade, presentes no livro”, conta a atriz.
Histórico da adaptação e colaboradores
Helena aproveitou os intervalos de uma filmagem no Pantanal, em 2019, onde passou 40 dias, para começar a adaptação dramatúrgica do livro, com a colaboração, nesta primeira versão, da atriz Cristiana Britto. As duas estudaram parágrafo por parágrafo, durante um mês, procurando as melhores combinações. “Foi extremamente doloroso fazer os cortes porque o livro é maravilhoso. Nosso maior trunfo é a palavra, o livro.”
Na volta para São Paulo, logo no início do processo, os ensaios foram interrompidos pela pandemia. Nelson Baskerville, o segundo colaborador na adaptação, entrou no projeto em meados de abril de 2020, para encarar a tarefa de organizar as ideias e dar uma identidade ao espetáculo. Helena destaca a sensibilidade, objetividade e o senso de humor do diretor, que aceitou prontamente o convite. “Depois de dois dias, a gente já estava ensaiando duas horas por dia. Nelson é muito parceiro. Um dia mostrei tudo e ele foi receptivo, enxergou o potencial da história, principalmente no momento de pandemia em que vivemos.”
O espetáculo estreou no segundo semestre de 2020, realizou apresentações on line, durante toda a pandemia, e fez uma apresentação no SESC Londrina, no final de 2021, e agora enfim, ganhará o palco presencial na cidade de São Paulo, no teatro do Espaço Parlapatões.
A autora Aline Bei acompanha todo processo como ouvinte presente e silenciosa. As duas são amigas desde o tempo do curso de teatro no Célia Helena, onde foram alunas de Nelson Baskerville. A autora recebeu com emoção a ideia da adaptação. “Ainda mais tendo a Helena e mais tarde o Nelson no processo. Como fui atriz e sempre amei o teatro, ter o livro adaptado era um sonho. Estou muito ansiosa para ver ao vivo no teatro.”
Helena teve liberdade no trabalho. “Ela me deu carta branca para fazer a adaptação. Sempre generosa, logo no início teve uma reação de encantamento com a possibilidade de o livro virar um espetáculo teatral. Gosto de dizer que Aline é uma evidência e um mistério. O talento dela é impactante, mas não tente desvendá-la. Ela vai pousar na sua mão, leve, te olhar profundamente e escapar antes de você conseguir elaborar todas as respostas.”
Sobre perdas e dores
Sobre a história, Helena comenta que ela faz o espectador olhar para suas dores. “Tem uma alquimia, uma poesia nas palavras da autora que convida o leitor a mergulhar fundo nelas, e ficar ali um tempo, a tempo de se sentir.”
Livro disseca a história de uma menina que vira mulher e todas as perdas pelas quais essa personagem passa e nos convida a olhar para este momento pós-pandêmico, como uma possibilidade de ressignificação da vida. “É como se estivéssemos todos reaprendendo a viver.”
Helena Cerello ficou impactada pela leitura do livro, vislumbrando as imagens. “O livro me tocou muito, principalmente na questão da oralidade, parecia que a voz da personagem chegava direto na minha alma. A teatralidade se materializou principalmente na voz de uma criança sofrendo uma perda e não encontrando a escuta necessária para lidar com ela.”
O desenrolar dos acontecimentos, até a idade adulta da personagem, seguiu envolvendo Helena. “Aline Bei encontra as palavras certas ao falar sobre perdas, o que nesse momento pós-pandemia se torna necessário e urgente. A leitura do livro nos abre, como se fôssemos um livro também e nos convida a olhar para as nossas dores e às dores dos outros com escuta, num exercício de empatia. Por mais cortantes que sejam as situações do livro, a sensação que dá é que, ao tocarmos nas dores, elas respiram. Como se elas dissessem obrigado por me verem, eu estou aqui, e por alguns segundos elas se tornam mais leves.”
Ficha técnica:
Idealização e Atuação – Helena Cerello. Direção – Nelson Baskerville. Adaptação Dramatúrgica – Cristiana Britto, Helena Cerello, Nelson Baskerville. Música Original e Edição de Cenas – Dan Maia. Figurino – Claudia Schapira. Assessoria de ilusionismo – Henry Vargas e Klauss Durães. Participação especial – Aline Bei e Aurora Cerello. Assessoria de imprensa – M. Fernanda Teixeira – Arteplural. Captação de Imagens – Helena Cerello. Fotos – Aurora Cerello. Assistência de produção – Janayna Oliveira. Participação especial canina – Caramelo e Borges. Arte do flyer – Victor Grizzo. Coordenação de Produção – Raul Barretto e Helena Cerello. Realização – Cia. VADABORDO.
4º ano em cartaz:
Monólogo adaptação teatral
O Peso do Pássaro Morto, de Aline Bei, obra vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura de 2018, e um dos 20 livros de ficção mais vendidos do Brasil
Parte da arrecadação será destinada a CEDECA Casa Renascer ONG que luta pelos direitos de crianças e adolescentes em situação de risco, em especial vítimas de violência sexual.