Inf Peças
UM DIA A MENOS
Margarida Flores (Ana Beatriz Nogueira) vive só desde que sua mãe morreu, na mesma casa onde nasceu e cresceu. A funcionária doméstica da vida inteira está de férias, não há mais ninguém por perto, e ela tem diante de si a árdua tarefa de atravessar mais um dia inteiro sozinha, dentro de casa. Ela cumpre seus rituais diários, esquenta sua comida, almoça, torce para que o telefone toque, e vai buscando o que fazer até a hora do jantar, quando finalmente anoitece e pronto, um dia a menos. Até que, esgotada pela repetição infinita, Margarida tem um rompante inesperado.
FÁBRICA DE CHOCOLATE
Fábrica de Chocolate" mostra a diabólica rotina dos torturadores. O aparelho policial-militar, encarregado de anular qualquer cidadão suspeito de incompatibilidade ativa com o regime. O autor, Mario Prata construiu a peça a partir de um dado: um homem morreu durante a tortura e o órgão repressor precisa simular um suicídio. Esta ação revela os preparativos para provar que o morto, operário de uma fábrica de chocolate, suicidou-se. Mais atual do que nunca, onde mentiras são fabricadas intencionalmente para obtenção do poder, numa época em que fake news tomam as páginas de internet e aplicativos de mensagens, o espetáculo reestreia após 09 anos de sua primeira montagem, na Sede das Cias, em Santa Tereza, dia 09/11 às 20h.n“Fábrica de Chocolate” registra diversos escalões do aparato repressivo, do carcereiro-torturador, passando pelas chefias intermediárias até os escalões superiores. É mostrando seres humanos comuns, usando uma linguagem estimulante e verdadeira, que por vezes os aproxima de nós, que esse texto nos desafia agudamente, sem maniqueísmos.n- Retomar “A Fábrica de Chocolate” nesse momento é algo muito significativo, estamos vivendo uma escalada da violência no país e um grande incentivo e legitimação a opressão do Estado, violência esta sempre seletiva, contra aqueles que vivem na base da pirâmide ou a margem da sociedade. Nosso espetáculo mostra o quanto é importante a manutenção do estado democrático de direito. Numa sociedade que ainda hoje têm na sua atuação policial os resquícios da ditadura, é sempre preciso conscientizar a todos sobre o que foi esse período obscuro no Brasil e na América Latina - destaca o ator e produtor da peça, Alexandre Galindo.n- “Fábrica de chocolate” é uma das raras peças de teatro que impacta a plateia pela sua dramaticidade e ao mesmo tempo é um testemunho de um dos momentos mais horripilantes da história do Brasil. Mário Prata antecipa dramaturgicamente o fenômeno das fake news como instrumento da ditadura militar.
NEVA
NEVA é uma peça escrita em 2005 pelo dramaturgo e diretor de teatro chileno Guillermo Calderón. A peça se passa em São Petersburgo, então capital do Império Russo, em um dia de 1905. Não em um dia qualquer, mas em 9 de janeiro de 1905, no dia que ficou conhecido como Domingo Sangrento, quando manifestantes que marchavam para entregar uma petição ao Czar, pedindo melhores condições de trabalho nas fábricas, foram fuzilados pela Guarda Imperial. A ação de NEVA, no entanto, se passa dentro de um teatro, onde um ator e duas atrizes que iriam se encontrar para ensaiar "O Jardim das Cerejeiras", acabam, meio sem querer, se abrigando do massacre que acontece nas ruas e que será o estopim da revolução que acontecerá posteriormente no país.nUma das atrizes trancada dentro do teatro é a alemã Olga Knipper (Patrícia Selonk), primeira atriz do famoso Teatro de Arte de Moscou e que foi casada com o dramaturgo russo Anton Tchekhov. Sentindo-se incapaz de representar, depois da morte do marido por tuberculose acontecida há seis meses, e na tentativa de seguir vivendo – enquanto lá fora a cidade desaba –, Olga instiga Masha (Isabel Pacheco) e Aleko (Felipe Bustamante) a encenarem repetidamente junto com ela a morte de Tchekhov.
GASLIGHT, UMA RELAÇÃO TÓXICA
Baseada no filme homônimo sobre abuso psicológico nos relacionamentos afetivos, a peça retrata um casal em conflito. No início do casamento Jack (Giovani Tozi) se mostrava doce e apaixonado. No entanto, sob a alegação de que sua mulher Bella (Érica Montanheiro) sofre de algum tipo de desequilíbrio mental, revela-se um homem impaciente e menos cordial. A esposa sente que está ficando louca mas, ao buscar o amparo do companheiro para lidar com a suposta doença, encontra apenas a resistência do homem, que justifica não ter mais forças para lidar com a situação. A complicação do diagnóstico de Bella é acompanhada de perto pela fiel governanta Elizabeth (Mila Ribeiro)e pela jovem e extrovertida Nancy (Maria Joana), a nova arrumadeira do casarão. Ralf (Gustavo Merighi), um inspetor de polícia, possui uma ligação curiosa com a casa, agora habitada pelo casal. Essa relação pode despertar fantasmas do passado que ainda habitam os cômodos com seus segredos, e podem revelar grandes surpresas.
- Quinta20h
- Sexta20h
- Sábado20h
- Domingo19h
4004 A.C. – A ORIGEM
4004 A. C. – A Origem, é a primeira parte do texto do dramaturgo, comediógrafo, polemista e pensador político irlandês Bernard Shaw, De Volta à Matusalém ou Um Pentateuco Metabiológico, escrito entre o final da Primeira Guerra Mundial e o ano de 1920. Em 4004, Shaw, influenciado pelos horrores da guerra, desconstrói o mito da criação, erodindo o clichê pastoral e bucólico do Jardim do Éden. Através de dois quadros, coloca em cena Adão, Eva, A Serpente e Caim, expondo os conflitos e descobertas supostamente enfrentados pelos primeiros seres humanos.
AMOR PARA OBÁ
O espetáculo Amor para Obá narra a saga de amor entre Xangô e suas três mulheres: Iansã, Oxum e Obá.nnEm uma história de disputa por poder, com Orixás como personagens, o espetáculo mostra a que ponto podemos chegar quando se ama de verdade e as consequências que isso pode levar.nnUm espetáculo cheio de intrigas, lutas, e, claro amor, o folclore nacional é mostrado através dos ritmos nordestinos nas músicas e coreografias.
A DOENÇA DO OUTRO
Dirigido por Fabiano Dadado de Freitas, A Doença do Outro debate preconceitos, estigmas e, acima de tudo, quebra o silêncio sobre a vida de pessoas portadoras do vírus. “O silêncio não nos protege porque nos escondemos. Se não falo, eu me preservo, mas ao mesmo tempo fico invisível. Mesmo após tantos anos, décadas, a regra do silêncio sempre permaneceu. O desejo da peça é de que um dia ninguém mais precise se esconder nesse armário do HIV, que não precisemos mais de uma lei que defenda o anonimato – lei que defendo porque ainda enfrentamos muito preconceito”, coloca o ator. nNa sua construção do texto, Serruya tem como ponto de partida algumas fontes essenciais: a obra A doença e suas metáforas, da ensaísta e filósofa estadunidense Susan Sontag, que propõe uma análise sobre a história social da doença e como a sociedade enxerga um corpo doente; conceitos do feminismo negro e da teoria queer também aparecem sempre no sentido de pensar como os conceitos de um corpo diverso vão se formando; por fim, há relatos autobiográficos do próprio autor e perfomer da cena, que vive com HIV desde 2014.nNeste solo, a direção coloca a teatralidade e a interatividade unidas: os temas dessa “conversa”, como diz o ator, se apresentam em uma série de jogos com a plateia, permeados pelo videografismo presente em projeções em vários locais, inclusive no figurino. nA Doença do Outro integra a programação do Teatro Mínimo, criado em 2011, pela equipe de programação do Sesc Ipiranga. Depois de três anos sem programação por conta da Covid 19, em outubro, o espaço voltou a receber espetáculos teatrais que discutem a experimentação das linguagens cênicas, além de aproximar fisicamente o público dos artistas, deixando a experiência mais intimista.
- Sexta
- Sábado
- Domingo
CAMINOS INVISIBLES…LA PARTIDA
Composto por atores brasileiros e bolivianos, o espetáculo narra a trajetória de imigrantes sul-americanos, com destaque para os povos andinos, que deixam seus países em busca de melhores condições de vida e chegam à grande metrópole paulistana. Este cenário se funde com as situações de ilegalidades na luta pela sobrevivência. O mercado da moda, que mobiliza a problemática social, ironicamente, satiriza o mercado de massa, enquanto é abastecido pela mão de obra escrava do imigrante.
- Sexta
- Sábado
- Domingo
NAQUELA NOITE EU OLHEI PELA JANELA E VI A LUA MORRER
NAQUELA NOITE EU OLHEI PELA JANELA E VI A LUA MORRER é um monólogo costurado com linhas e retalhos diversos, autobiográficos e ficcionais. O personagem não tem nome, pode ser qualquer um de nós. Os objetos que formam o cenário refletem o passado, a memória. O velho baú, talvez do fim do século XIX, invade os tempos modernos e guarda recordações. Dentro dele cada objeto tem sua essência. Alguns precisam ser descartados. Alguns precisam ser preservados. Cabe ao personagem decidir, escolher o que vai jogar fora. Talvez esteja aí a chave para a felicidade.
- Sexta20h
- Sábado20h
TRAVESSIA BRASIL – UM CAMINHO PARA PEDREIRA
Na trama, não há mais lugar para o povo na cidade de Pedreira das Almas, nem para os mortos, pois o ciclo da mineração destruiu tudo, restaram apenas árvores retorcidas que se agarram às pedras. Agora o povo está dividido entre aqueles que querem abandonar a cidade e os que desejam permanecer. nnÉ em torno da personagem Mariana (Nicoly) que os conflitos se formam. Seu namorado, Gabriel (Alan Recoba), é um dos idealizadores da revolta contra o imperador do Brasil. Outro representante da revolução é o irmão de Mariana, o jovem Martiniano (Wes Machado). Urbana (Simone Rebequi), a mãe, não concorda com a revolução e as ideias liberais vendidas por Gabriel, e faz forte oposição. Passando por temas como a relação passado e presente, o conflito entre tradicionais e progressistas, e a luta pela liberdade, a peça escrita em 1957 se passa na cidade fictícia de Pedreira das Almas durante os tempos da Revolta Liberal de 1842.
SETE CORTES ATÉ VOCÊ
A peça-performance, que dialoga com o teatro documentário e tramita entre o biográfico e a ficção, mostra o dilema de uma futura mãe que, ao descobrir na gravidez que seu filho virá ao mundo com vários problemas de saúde, precisa fazer uma escolha. A montagem propõe uma encenação pop, criando uma interlocução entre a cena ao vivo e o mundo virtual, apropriando-se da linguagem das redes sociais como Youtube e TikTok, além de apresentar a narrativa em sobreposições de mídias como cinema e animações. O texto foi um dos vencedores do 7º edital da Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do Centro Cultural São Paulo.
BARULHO D’ÁGUA
O espetáculo narra a história do drama de milhares de refugiados, que, em sua maioria, morrem atravessando o mar Mediterrâneo. A peça é uma forte crítica àqueles que entendem a imigração como uma mercadoria.
FESTA DOS BÁRBAROS
Com 24 artistas em cena entre atores e músico, a montagem se estrutura a partir dos estudos sobre ‘A Revolta dos Bárbaros’ - guerra que durou mais de 70 anos e que envolveu diversas etnias indígenas em confronto com os colonizadores no sertão nordestino brasileiro - e estudos sobre a ‘Cosmologia da Jurema Sagrada’ - árvore da caatinga do nordeste que para diversos povos ameríndios é guardiã de cultura e ciência, em rituais de cura e conexão com a ancestralidade.
ANONIMATO
A Cia. Mungunzá de Teatro estreia seu primeiro espetáculo de rua. Em um cortejo de 100 metros pelo Parque da Luz, a montagem é uma homenagem ao teatro e convoca a presença de atores e público. Em cena oito personagens, figuras anônimas de uma cidade grande, são convocados de várias maneiras para um ato e se encontram nessa caminhada.
CAATINGA
No sertão da caatinga um vaqueiro e seu filho vivem sozinhos. O pai prometeu a mãe que o filho não seguiria sua sina de vaqueiro. Analfabeto, ele queria ver o filho usando “as palavras bonitas”. Mas o menino atraído pelo mundo dos bois e dos cavalos desvia-se da promessa. Quando já deixando de ser menino uma angustia toma conta dele em forma de um desejo perturbador. Caatinga é uma metáfora contada por quatro mulheres sobre a secura da vida e sobre o agreste de ser macho.